Amara Moira é a primeira travesti a usar o nome social na defesa de um doutorado na Unicamp e vê a conquista como um marco contra o preconceito. Aprovada com a tese “A indeterminação de sentidos no Ulysses de James Joyce”, ela afirma que o reconhecimento é maior pelo significado que carrega.
Para a doutora, o empenho e o estudo ganharam ainda mais importância pelo destaque dado e a divulgação feita pela Universidade Estadual de Campinas. Mais do que ler o próprio nome no diploma e de debater o próprio trabalho por quatro horas com a banca, diz se se sentir enfim integrada ao meio acadêmico.
Amara foi orientada pela professora Suzi Frankl Sperber e o tema foi defendido e aprovado em uma das salas do Instituto de Estudos da Linguagem, o IEL. Mas apesar do apoio e do reconhecimento, acredita que ainda há muito a ser feito pela luta contra a transfobia, principalmente no cotidiano da instituição.
Atualmente, a Diretoria Acadêmica da Unicamp atende 10 solicitações da inclusão de nome social no cadastro de alunos de graduação ou pós-graduação. Desde 2015 o cadastro era previsto, mas somente agora foi iniciada a emissão dos documentos oficiais com a opção de como o estudante quer ser chamado.
Para isso, a Unicamp se baseia em um decreto estadual de 2010 “sobre o tratamento nominal das pessoas transexuais e travestis nos órgãos públicos”. A solicitação pode ser feita pelas pessoas transgênero ou por simples escolha no portal e-dac com o registro do nome social no Sistema de Gestão Acadêmica. A lei determina, no entanto, que o prenome do registro civil seja mantido acompanhado do prenome escolhido nos documentos oficiais.