A combinação de mães e pais em home office e filhos em ensino à distância por conta do coronavírus aumentou a convivência familiar, exigiu alterações na rotina e também trouxe atenção a questões que antes estavam esquecidas.
Na prática, o diálogo e a paciência precisam andar juntos na quarentena. Mãe de crianças de 7, 3 e um ano e meio, Elizabeth Petrucini afirma que a ajuda do marido é essencial em meio ao trabalho e às lições de casa dos mais velhos.
“Tenho que trabalhar, cuidar da casa e fazer lição com o Tomás e com a Maria. Sem a ajuda do meu marido seria difícil, porque confesso que não é nada fácil. Aqui fizemos um roteiro e as crianças entendem melhor”, conta a mulher.
Para a idealizadora da ONG Somos Mães de Primeira Viagem, Acácia Lima, o isolamento social envolveu mais os pais no processo de criação e educação das crianças e ainda alterou a forma como as relações são encaradas e discutidas.
Se antes muitas mulheres se desdobravam no trabalho e no cuidado com os filhos enquanto os homens tinham outras funções, como levar e buscar na escola, agora a proximidade devido à quarentena alterou essa realidade.
“As mães dão conta há bastante tempo desse vínculo familiar e do trabalho em casa por conta do suporte financeiro. A diferença é que agora as crianças e o marido não saem mais pra estudar e trabalhar e é preciso reequilibrar”, diz.
Alan Gallo confirma as mudanças. Apesar de afirmar que já acompanhava o desenvolvimento dos filhos na escola, agora sente que isso precisou ser intensificado. Como trabalha em casa, afirma ter mais tempo para a família.
“Tem sido bem produtivo. A gente pode se aprofundar no formato de educação e pode ver o nível que os nossos filhos estão. Tudo isso com muita calma e bastante tempo, coisas que a gente não tem tanto no dia-a-dia”, opina ele.
Para Acácia Lima, da ONG Somos Mães de Primeira Viagem, a percepção maior sobre os aspectos da vida de esposas, maridos e filhos tem relação direta com a saída do comportamento automático e do cotidiano de maior proximidade.