Campinas teve 28 “homicídios ocultos” em 2022, segundo o Atlas da Violência 2024, estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). De acordo com o estudo, os homicídios ocultos são mortes violentas que foram classificados como outros crimes pelo estado, mas que possuem grande probabilidade de serem homicídios.
Mas o consultor em segurança, Marco Aurélio Gritti, questiona os critérios que levaram o estudo a chegar neste número. “Nós não temos muitas vezes acesso à metodologia, então me parece que são apresentados os dados daquele boletim de ocorrência inicial, que pode ser registrado ou como homicídio, ou como morte suspeita, ou morte a ser apurada, mas nós não temos acesso muitas vezes ao final da apuração, me parece que esse pode ser um indicador dessa diferença”
Ele descarta que haja uma subnotificação deliberada de órgãos de segurança para melhorar as estatísticas. “No caso de evento morte, tenho certeza que não, porque nós não falamos nos gestores de segurança pública, nós não tratamos de subnotificação, muito raramente. Então como ele é notificado é que talvez haja uma discrepância no momento do registro, mas absolutamente eu tenho certeza que não há uma manipulação de dados, até porque há vários institutos que fazem esse tipo de pesquisa com o evento morte”.
Foram registrados 134 homicídios em Campinas em 2022, se somados a esses supostos homicídios ocultos, o total saltaria para 162 casos. O Atlas é feito com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ambos do Ministério da Saúde, e possuem diferenças em relação aos repassados pela Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP).
Em nota, a SSP afirmou que “faz uma análise minuciosa dos casos registrados com vítimas fatais, diminuindo a subnotificação de homicídios”.
