Após o furacão de críticas e reclamações, a Câmara de Campinas decidiu voltar atrás no aumento de 126% nos salários do vereadores. O subsídio, como eles gostam de chamar, iria subir de cerca de R$ 7 mil para R$ 15 mil. A revolta foi grande, não só pelo índice, mas também pela forma como o aumento foi aprovado.
A falta de detalhamento na proposta e o uso de uma plateia ansiosa pela aprovação da Macrozona 5 desviaram a atenção do principal projeto naquela ocasião. E o aumento então passou com uma votação que durou poucos segundos.Ovos foram lançados nos vereadores, manifestantes foram agredidos e sobrou spray de pimenta no público.
Foram cerca de 4 meses para os vereadores perceberem que a decisão não foi a mais popular. Ainda mais com uma eleição em novembro. Agora a mesa diretora elaborou um projeto que reduz o aumento. Saem os 126% e entram os 48% de reajuste, cerca de R$ 10,5 mil.
O vereador do PSDB, Artur Orsi, votou a favor do aumento para 15 mil reais, apesar de ter sido contrário ao projeto. O tucano disse que foi convencido pela bancada, o que agora ele considera um grande erro de avaliação. Outro parlamentar que despertou a ira dos manifestantes presentes da fatídica sessão foi Josias Lech, do PT. Na redes sociais, a imagem, que ganhou destaque no jornal Correio Popular, do petista com um sorriso durante a votação foi alvo de muitas críticas. Lech se defendeu e também reconheceu que ele e os companheiros cometeram um equívoco.
Em dezembro do ano passado a votação do salários teve manobras para desviar a atenção. Dessa vez, o novo projeto que estabelece reajusta de 48% ganhou uma audiência pública. 15 vereadores participaram e se o público não compareceu em grande número, pelo menos quem esteve presente pode falar algumas coisas que pareciam entaladas na garganta. Cida Fulfule é figura carimbada no legislativo e não acredita até hoje com a condução para o projeto dos 126% ser aprovado. Já a professora da rede pública Rosana Medina criticou os vereadores. Ela acredita que eles precisam de um aumento nos salários, mas passar para R$ 15 mil por mês não faz o menor sentido em uma cidade com tantos problemas.
Para se ter uma ideia, o professor de filosofia e ética da Unicamp, Roberto Romano, participou do debate. Romano acredita que a pressão foi tão grande que os vereadores perceberam que não são funcionários, mas representantes do povo.
O novo valor dos salários ou subsídios tem base na média dos que são pagos em cidades do porte de Campinas. Pela proposta, o reajuste vai sair da verba de gabinete.