No seu último dia como Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista coletiva na cidade de Hortolândia, estranhou a demora na entrega de um projeto municipal para construção de um hospital especializado no atendimento às vitimas de queimadura. Quase um ano se passou quando a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas alertou para a falta de leitos ao atendimento aos queimados e a verba está parada no Ministério da Saúde aguardando apenas a burocracia documental.
De acordo com Padilha a verba já está disponível para equipar e treinar os profissionais que devem atender os pacientes, e que o projeto poderia contar com as parcerias da Unicamp e PUC-Campinas.
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Campinas disse que existe um projeto do governo municipal para implantação de um Centro de Queimados, cujo atendimento seria numa ala especial da Santa Casa. Uma verba estadual de 12 milhões já teriam sido destinadas ao municipio. A assessoria disse que apenas na segunda-feira poderia falar sobre o projeto que deveria ser encaminhado ao Governo Federal.
Enquanto os políticos não se entendem e todos querem ser o pai da criança, no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Queimados, mais de 1 milhão de pessoas são vítimas de queimaduras que quando não levam à morte, deixam sequelas. Na região de Campinas, somente no ano passado, cinco pessoas morreram.
De acordo com o médico cirurgião e coordenador da disciplina da cirurgia do trauma do Hospital das Clínicas da Unicamp, Gustavo Fraga, existe em Campinas um déficit no número de leitos destinados a vítimas de queimaduras. Ele informou que falta estrutura para o atendimento adequado para vítimas de queimaduras num raio de 50 quilômetros de Campinas, o que isso é temerário, já que existem na região diversas áreas de risco, como o Aeroporto Internacional de Viracopos e o polo petroquímico de Paulínia.
A secretaria de estado da saúde informou que disponibiliza mais de 200 leitos de UTI para queimados, mas ficam em hospitais de outras cidades, como Limeira e São Paulo. Na região de Campinas, até o mês de novembro, foram notificadas 45 internações hospitalares por queimaduras em 2012. Já em relação ao atendimento ambulatorial foram notificados 1.450 atendimentos.
