Após o Ministério Público instaurar inquérito para investigar denúncias de que quase metade da água captada pela empresa de água e esgoto de Jundiaí seria transferida para a indústria da Coca-Cola na cidade, a promotoria aponta que a empresa de bebidas teria retirado da Internet documentos que poderiam comprovar o uso de água bruta pela planta industrial. Essa água é retirada do rio Atibaia e transferida para o rio Jundiaí Mirim, onde é feita a captação de 1200 l/s, que é a vazão permitida pela outorga destinada ao município. Ela só poderia ser usada para o abastecimento público da cidade. Uma transferência de água bruta a uma indústria configuraria ilegalidade.
O promotor Rodrigo Sanches conta que estas informações estavam em case disponível no site do Instituto Coca-Cola. Com a repercussão das denúncias, ele teria sido retirado da web. A reportagem teve acesso ao documento salvo pela promotoria. Logo nas primeiras páginas, há a informação de que a Coca-Cola seria abastecida por água bruta captada pela DAE de Jundiaí. Segundo o documento disponibilizado pelo MP, a empresa informa que são oferecidos 500 l/s de água.
O promotor Rodrigo Sanches ressalta o prejuízo que uma transferência dessas poderia causar em cidades da região, diante da crise hídrica enfrentada pelo estado de São Paulo. O Ministério Público reforça que se uma empresa deseja usar água bruta, ela precisa da autorização do DAEE, que é o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado.
Por nota a assessoria de imprensa da DAE de Jundiaí afirmou que não há desvio de água bruta para abastecer a fábrica da Coca Cola e que o que é fornecido está regularizado. Segundo a empresa se trata de água tratada não potável.
A Coca-Cola também foi procurada, mas até o fechamento da reportagem não se posicionou sobre as investigações do Ministério Público e sobre o documento que teria sido retirado da Internet.