Entre os meses de agosto e outubro deste ano, quatro acidentes envolvendo ônibus do transporte coletivo de Campinas deixaram três pessoas mortas e outra gravemente ferida. O mais recente aconteceu nesta quarta-feira, quando uma mulher de 81 anos morreu ao tentar embarcar em um coletivo na Avenida Dr Heitor Penteado. O motorista acelerou o veículo com as portas abertas e a vítima se desequilibrou, caiu na rua e a roda do ônibus a atingiu na cabeça. Ela morreu na hora.
No dia 27 de agosto, morreu também a jovem de 25 anos que foi atropelada por um ônibus do transporte público de Campinas, após ficar internada no Hospital Mário Gatti. O acidente aconteceu na tarde do dia 24 de agosto, na faixa exclusiva de ônibus da Av. Anchieta, no Centro. A vítima chegou a passar por cirurgias, mas não resistiu aos ferimentos. As rodas do veículo passaram por cima das duas pernas da vítima.
Em 08 de Agosto, um homem morreu atropelado por um ônibus no Terminal Ouro Verde, em Campinas. O motorista chegava com o veículo para realizar o desembarque de passageiros, quando atingiu a vítima. Já no 01 de setembro, uma mulher foi atropelada no Terminal Central ao descer do ônibus. Ela teria pisado em falso e caído entre o ônibus e o vão da plataforma. O motorista não viu a mulher, e ao engatar a marcha ré para manobrar o ônibus para deixar a plataforma, passou por cima do braço da vítima.
Os casos semelhantes aconteceram em um intervalo curto de tempo e expuseram as condições de trabalho dos motoristas do transporte público de Campinas. A principal reclamação dos profissionais está relacionada a uma suposta pressão exercida pela Emdec para que percorram o itinerário dentro do prazo determinado. Além disso, a falta dos cobradores também traz problemas no dia a dia.
Um motorista que não quis se identificar disse que os prazos dados para o cumprimento dos itinerários não são suficientes, o que acaba gerando uma forte pressão da Emdec e também dos passageiros. Sobre a ausência do cobrador, o motorista afirmou que a adequação somente será completa quando o dinheiro deixar de ser usado no ônibus e com a instalação de câmeras nas portas dos veículos, para aumentar a segurança dos passageiros no embarque e desembarque. O também motorista, Nilton Ricardo, falou sobre a pressão para o cumprimento do itinerário e afirma que dependendo da hora, é impossível percorrer o trajeto dentro do temo estimado. O diretor do sindicato que representa a categoria, Cristiano de Sousa Santos, afirma que os horários das linhas não são revistos há mais de 15 anos.
A Emdec informou que as linhas de ônibus municipais são criadas, programadas e reconfiguradas de acordo com a demanda da população em diferentes locais, dias e faixas horárias. A empresa garantiu que programa as 205 linhas de forma que os motoristas possam cumprir os horários e itinerários respeitando os procedimentos de segurança e a velocidade máxima permitida. Quando os motoristas enfrentam interferências como congestionamentos, isso é registrado na central que acompanha a operação em tempo real, evitando penalidades e pressões indevidas por descumprimento de horário diante desses imprevistos. Já a ausência dos cobradores está ligada à diretriz de tirar o dinheiro dos ônibus, para prevenir assaltos. A modernização do sistema, com fomento ao uso somente de cartões eletrônicos e tecnologias gradualmente incorporadas nos veículos, tem o objetivo de garantir uma operação segura e eficaz mesmo sem esses profissionais, absorvidos em outras funções.