A decisão dos vereadores da base de apoio ao governo do prefeito Jonas Donizette em criar uma comissão mista para apurar os contratos entre a administração municipal e a empresa Vitale, que administrava o Hospital Ouro Verde, recebeu críticas da população. Isso porque, para os eleitores de Campinas, a reação da Casa deveria ser a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que foi proposta pelos vereadores de oposição e pelos independentes, mas que não conseguiu reunir as assinaturas necessárias.
A comissão mista é formada por outras duas: a de representação, criada na sessão desta segunda-feira e conta com os vereadores Cidão Santos (PROS), Carmo Luiz (PSC), Paulo Haddad (PPS) e Edison Ribeiro (PSL) e pela permanente de saúde, presidida pelo vereador Paulo Galtério (PSB) e com participação de Pedro Tourinho (PT), Ailton da Farmácia (PSD), Jorge da Farmácia (PSDB) e Rodrigo da Farmadic (PP). De todos esses, apenas o petista Pedro Tourinho assinou a abertura da CPI e diante da decisão dos governistas em criar o grupo, optou por não fazer parte dos trabalhos.
Nas ruas de Campinas, a população aponta o descrédito em relação às ações do legislativo municipal e a proposição de uma comissão mista formada apenas por parlamentares da base não inspira confiança de que as supostas irregularidades envolvendo a prefeitura serão de fato investigadas. O condutor escolar Luís Fernandes disse que defende a abertura de uma CPI e não acredita que os vereadores da base vão investigar a fundo os contratos sob suspeita. O vendedor Fernando Nogueira afirma que o que os vereadores da base não atenderam o desejo da população, que é uma investigação mais profunda para saber se há envolvimento do chefe do executivo no esquema.
O advogado, professor de direito e especialista em direito constitucional e administrativo, Paulo Braga, entende a revolta da população diante do quadro apresentado. Ele explica que uma comissão mista não tem o mesmo poder de investigação que uma CPI, o que acaba frustrando o eleitorado da cidade. A comissão mista da Câmara já tem cronograma definido, que começou com a busca de documentos do hospital Ouro Verde nesta terça-feira. O prefeito de Campinas, Jonas Donizette, negou todas as suspeitas envolvendo seu nome.
