Interceptações telefônicas gravadas pelo Ministério Público com autorização da justiça revelaram uma conversa entre o diretor presidente da Rede Anhanguera de Comunicação, Sylvino de Godoy e o Diretor da Vitale, Ronaldo Foloni
Na conversa, no dia 2 de agosto desse ano, Gustavo Khattar de Godoy, proprietário da GK de Godoy Radiologia, contratada pela Vitale e que presta serviços no Ouro Verde, liga para Ronaldo. Logo no início da conversa ele diz que o pai dele (Sylvino), quer conversar com Foloni.
Na conversa, o diretor presidente da RAC conta que conversou com o Secretário de Assuntos Jurídicos de Campinas, Silvio Bernardin explicando que não seria positiva a exposição do prefeito, Jonas Donizette, diante das matérias retratando a atual situação do hospital Ouro Verde e que ele (Sylvino) iria interceder em pról da Vitale para que a administração fizesse um aditamento com a Organização Social, então responsável pela gestão do Hospital Ouro Verde
Sylvino de Godoy ainda reforçou para o diretor da Vitale que pressionou Bernardin explicando que as matérias feitas pelo jornal poderiam causar uma exposição muito negativa ao prefeito
No mesmo dia, o diretor da Vitale, Ronaldo Foloni liga para a presidente da entidade, Aparecida Bertoncello (tratada nas ligações como Tata). Ele explica para Tata que conversou com Gustavo (citado por ele como menino do jornal) e que a conversa foi tensa já que Gustavo estava achando que estava sendo tratado como qualquer outro prestador de serviço da Vitale
Na conversa Foloni também diz que Gustavo, em tom de ameaça, lembrou que quem teria “colocado” a Vitale na prefeitura teria sido seu pai, Sylvino de Godoy depois de pressionar a administração por meio de matérias jornalísticas contra a SPDM, gestora do Ouro Verde anterior à Vitale.
Dados fornecidos pela Receita Federal, mediante autorização judicial e quebra de sigilo fiscal, apontaram que Gustavo Khattar de Godoy consta na lista de fornecedores da Vitale Saúde, e que, em 2016, recebeu pouco mais de R$ 500 mil.
Em 30 de novembro, promotores do Gaeco do Ministério Público deflagraram a primeira fase da operação Ouro Verde que resultou na prisão dos diretores da Vitale, Fernando Vitor Torres, Aparecida Bertoncello e Ronaldo Foloni, dos empresários Daniel Câmara e Paulo Câmara e o advogado Ronaldo Pascoarelli.
São investigados pelo MP, os servidores Anésio Corat e Ramon Luciano Silva e o empresário Gustavo Khattar de Godoy. No caso dos investigados, o MP não ofereceu denúncia contra eles. O prefeito Jonas Donizette passou a ser investigado pela Procuradoria Geral de Justiça após ele ter sido citado nas conversas.
Em nota, a prefeitura informou que o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, repudia qualquer forma de uso indevido de seu nome por quem quer que seja. Como se tornou público nos últimos meses, o prefeito vem enfrentando a Vitale de forma direta, defendendo os interesses da população. Nenhum dos vários pedidos de aditivos feitos pela Vitale foi atendido. Este enfrentamento culminou com a intervenção no hospital Ouro Verde e a demissão dos servidores públicos acusados. Os diálogos divulgados mostram claramente a dificuldade da Vitale em ter acesso ao prefeito e a contrariedade por não ter os seus pleitos atendidos, tanto que chegaram a recorrer à via judicial. Isso reforça a lisura de comportamento por parte do prefeito em confronto com interesses escusos.
Ninguém da Vitale foi encontrado para falar do assunto.
O advogado de Sylvino de Godoy e Gustavo Khattar de Godoy, Ralph Tórtima Filho foi procurado mas declarou que não poderia atender a reportagem mas afirmou que vai se pronunciar a respeito do assunto em defesa de seus clientes.
