A vida de Paulo Leandro Silva mudou após um ano trabalhando como jardineiro. Antes se abrigando embaixo de marquises e dormindo nas calçadas do centro de Campinas, o homem de 42 anos agora tem um teto próprio. Depois de idas e vindas pelas ruas, ele conta que estava há cerca de três anos sem perspectiva alguma quando soube de um programa profissionalizante municipal através de amigos. Desde então, busca evoluir cada vez mais.
O caminho feito por Paulo é o mesmo que Luis Fernando dos Santos quer percorrer. Enquanto observa a movimentação da Praça Bento Quirino sentado em um dos degraus da Basílica Nossa Senhora do Carmo, se diz decidido. Livre do alcoolismo há alguns meses, mas em situação de rua há três anos, resume que o preconceito da sociedade torna o cotidiano que conhece ainda mais difícil. Por isso vê no aprendizado de uma profissão uma chance de saída.
A intenção de Luis Fernando é integrar o programa Mão Amiga da Prefeitura, que já formou duas turmas de profissionais entre 2016 e 2017 e inicia a edição de 2018 com uma turma de 30 alunos dos cursos de jardinagem e azulejista. Questionada sobre o processo de seleção, já que muitas pessoas na rua são dependentes químicos ou possuem quadros de saúde debilitada, a secretária municipal de Assistência Social, Eliane Jucelaine Pereira, explica o trabalho.
Segundo ela, os selecionados, que precisam estar em abrigos da cidade, são acompanhados pelos agentes de atendimento à população de rua. Entre os serviços, estão orientações dos Narcóticos Anônimos e atividades de inclusão. Além do apoio especializado, todos recebem uma bolsa de um salário mínimo que pode ser aplicada em moradia própria. A intenção é auxiliar o aluno a conseguir a ressocialização e a autonomia e ainda a reencontrar a família.
