Batizar um gênero musical que tem uma sonoridade diferente do nome pode atrapalhar na hora da comunicação. É o que acontece há algum tempo no Brasil, onde a música que nasceu nos morros do Rio de Janeiro é chamada de funk. O problema é que esse som feito a base de um único equipamento não tem nada a ver com o original desenvolvido pelos negros americanos. Uma saída normalmente usada é chamá-lo de funk carioca, mas aí a injustiça passa a ser interna, pois no auge dos bailes black, isso na década de 70, vários artistas da cidade maravilhosa fizeram jus ao título funk, mesmo com pouco reconhecimento.

A banda Black Rio não ficava devendo nada aos grupos americanos.Com pelo menos 7 integrantes, ela tinha tudo o que era preciso para garantir um funk de qualidade. Uma boa linha de metais, o riff da guitarra, o contratempo do baixo, o teclado dando um brilho e a bateria marcando o ritmo. Todo esse swing era enriquecido com pitadas de brasilidade e o samba entrava nessa mistura
Depois de tocar com muita gente, o baterista Ivan Tiririca resolveu formar o União Black. O grupo reuniu músicos que também circularam pelas noites cariocas dando suporte para dezenas de artistas. As apresentações nesse circuito dos bailes Black seguiam o mesmo roteiro. As festas aconteciam nos salões de clubes, associações de moradores e quadras de escola de samba. Os dj’s comandavam o som mecânico até por volta da meia-noite quando entrava a atração ao vivo.
Sem nenhuma divulgação e num esquema amador o próprio União Black não se preocupava em promover o disco e se concentrava mais em servir de banda de apoio para outro nome importante da cena funk carioca.

Gerson King Combo era chamado de James Brown brasileiro por causa do jeito de dançar e das capas que usava, além do som pesado. Nascido Gérson Cortes, ele criou esse personagem após ver de perto a cena black nos Estados Unidos, aonde ele foi cantar acompanhando Wilson Simonal. Tudo o que ele colocou em prática nas músicas e nas letras por conta da influencia americana, a palavra brother passou a ser muito usada especialmente entre os frequentadores dos bailes black .
Embora todos esses artistas tenham sumido a partir da década de 80 e só retomado suas carreiras já no início do século 21, o funk carioca ainda deu um último suspiro antes da expressão ser erroneamente usada para identificar os pancadões.
Na época da jovem guarda ele lançou um compacto com o nome artístico de Almir Duarte não conseguiu emplacar. Mudou para Almir Ricardi e fez sucesso em 1984 com Festa Funk , um disco raro e disputado pro colecionadores dentro e fora do Brasil. Vale ressaltar nesse trabalho a participação dos músicos, produtores e arranjadores Robson Jorge e Lincoln Olivetti , uma dupla talentosa que colaborou com muitos artistas e que também contribuiu com o que realmente pode ser chamado de funk

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produção
Walmir Bortoletto
edição
Paulo Girardi