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Decisão que afasta Jonas cita também funcionários fantasmas

Foto: Arquivo pessoal/ José Alaor Viola/ Facebook

Além de apontar influência de siglas como o PSDB para o que define como “cabide de empregos” na Prefeitura de Campinas, o relatório que pede o afastamento de Jonas Donizette do Executivo cita dois funcionários fantasmas. Um deles é José Alaor Viola, que teria sido nomeado para o cargo comissionado de assistente técnico na Secretaria de Administração por ser filiado há 22 anos ao partido do prefeito, o PSB, pelo qual chegou a disputar vaga como vereador.

Denunciado por ter postado uma foto no Rio de Janeiro em dia e horário nos quais deveria estar trabalhando, ele foi ouvido pela Promotoria e forneceu uma explicação que foi comentada pela relatora do Tribunal de Justiça de São Paulo. Na decisão, a desembargadora Silvia Meirelles diz não encontrar na declaração “alguma lógica” ou qualquer “resíduo de vergonha” e defende que o funcionário é um “produto caricato do clientelismo, na sua manifestação mais sórdida”.

Na versão de Alaor, a viagem foi motivada pelo mal estar de uma sobrinha após comer uma porção de camarão. Questionado se a mulher foi hospitalizada, negou e justificou que uma sopa feita por ele próprio teria resolvido o problema. Perguntado se o marido da sobrinha não poderia ter ajudado a esposa, afirmou que recebeu um telefonema do porteiro do prédio e temeu que a sobrinha-neta criança fosse levada pelo funcionário do condomínio para a favela da Rocinha.

A foto foi postada em uma rede social pouco depois das cinco da tarde do dia 22 de abril de 2015, uma quarta-feira pós-feriado de Tiradentes. Indagado sobre isso, Alaor alegou ter emendado a estadia porque poderia compensar nas férias. Sobre o cargo que ocupava, o correligionário de Jonas, que aparece em uma foto com o prefeito na campanha eleitoral de Márcio França em 2018, dizia fazer o levantamento de imóveis e terrenos que seriam objeto de alguma obra pública.

Para a desembargadora do TJ, porém, a função é estranha “posto que, em cada secretaria” há departamento para “tratamento de convênios” e a Prefeitura possui uma pasta lotada de engenheiros concursados para essas avaliações. Mas a relatora cita outro exemplo de cargo ocupado indevidamente na gestão municipal. O servidor comissionado de Serviços Públicos, José Honorato dos Santos, que em horário de trabalho foi flagrado em uma associação de bairro.

Ao invés de trabalhar na Regional na qual deveria dar “andamento às denúncias” do telefone 156, diz o texto que Honorato continuava presidindo a associação e o jornal de bairro “Tribuna de Viracopos”, do qual era o diretor. Ainda conforme o relatório que pede o afastamento de Jonas Donizette por improbidade administrativa, a situação revela “como a coisa pública e a privada se confundem em todo momento em um cenário clientelista” em Campinas.

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