Os consumidores e comerciantes campineiros não notaram queda no preço da carne bovina. Nos balcões dos açougues, o assunto é o mesmo do fim de 2019. O gerente de um estabelecimento na Avenida Benjamin Constant, no centro de Campinas, Tássio Rodrigues, cita o quilo da picanha, vendido no local a R$ 60.
Para a primeira semana cheia do ano, conta ter comprado a R$ 48, valor no mesmo patamar do meses anteriores, o que gerou reclamação dos clientes fiéis. “Compramos uma boa a R$ 48 o quilo, pra vender a R$ 60. O pessoal reclamou, mas a margem de lucro é pequena e, se não for assim, não vende”, detalha ele.
Ainda segundo o gerente do comércio, quem preferiu comprar mesmo com a alta, optou por levar menos, principalmente para o período de festas e recesso. “O volume da carne diminuiu e a venda tá no padrão. Mas, se antes a gente comprava 50 peças, hoje a gente compra 25. O giro que tá fraco”, explica Tássio.
A percepção contraria, por enquanto, a divulgação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de que a cotação da arroba do boi gordo diminuiu. Conforme o comunicado, no final de dezembro a queda média foi de 15%. No dia 30 do mês, custava R$ 180, enquanto no início do mês chegou a R$ 216. Com isso, de acordo com o ministério, o preço vai cair para o consumidor final, o que indica acomodação no atacado, com reflexos a curto prazo no varejo.
A informação, porém, foi contestada pela cidade. Luciana Santana comprava carne no Mercadão e se mostrou indignada com o preço do contrafilé: R$ 37. “Mentira do governo. Não vi nada de redução. E pra comprar a gente dá uma rebolada, compra uma carne mais barata e pede pra passar na máquina”, diz.
Além de optar por produtos mais em conta, a dona de casa também pesquisa bastante. Nos últimos tempos, diz que o Mercadão tem sido a melhor opção. “A gente sai lá do Ouro Verde e vem pra cá. Aí já compra pra duas semanas mais ou menos. Então agora é esperar pra ver se o governo fala a verdade”, opina. Ainda segundo o Ministério da Agricultura, a arroba vai ficar entre R$ 180 e R$ 200 nos próximos meses, o que interrompe a alta de 28,5% em seis meses.