A morte de quatro pessoas que consumiram a cerveja Belorizontina, da empresa Backer, não reduziu as vendas de outras marcas de bebidas artesanais. Mas o caso, investigado pela Polícia Civil, assustou e virou assunto entre clientes. A presença da substância dietilenoglicol em lotes da cerveja mineira gerou espanto e curiosidade entre consumidores e passou a ser acompanhada de perto também por produtores e comerciantes do mercado cervejeiro de Campinas.
Proprietário da Baden Armazém de Bebidas, no Jardim Nova Europa, Thiago Peixoto conta que ouviu perguntas e comentários de praticamente todos os fregueses. Porém, alega não ter notado redução na movimentação ou na venda. “A maior parte dos meus clientes é de cervejeiros né? Além de apreciar, eles gostam do processo. Então estão antenados e comentaram sobre o assunto e me perguntaram o que eu achava. Mas isso não afetou as vendas”, informa ele.
O comerciante informa que o fato inevitavelmente fez com que a Belorizontina e outros rótulos da Backer fossem recolhidos das prateleiras e do estoque, já que a substância tóxica foi encontrada em amostras de outros produtos da cervejaria. Sem reflexos na procura por outras marcas, Thiago Peixoto defende a produção de bebidas artesanais em todo o Brasil e diz acreditar que a fiscalização do Ministério da Agricultura é suficiente para que todo o processo seja seguro.
“Faz um trabalho sério. Eu tenho amigos que são produtores e sei das dificuldades deles para se adequarem às exigências do Ministério. Foi um fato isolado e acredito que isso não deve acontecer em outras cervejarias”, opina.
Os produtores fazem coro e dizem seguir estritamente cada item preconizado pelas autoridades brasileiras. João Jorgino é proprietário da cervejaria artesanal St. Kitts, que detém a produção da recém-lançada cerveja de mesmo nome. Segundo ele, os efeitos da intoxicação em Minas Gerais não foram sentidos negativamente no interesse dos comerciantes pela nova marca. Por outro lado, pede justiça e espera que o caso seja solucionado rapidamente pelos policiais.
“É uma coisa séria e a exigência é alta. Então, a gente trata como caso isolado. No primeiro momento não houve qualquer resistência dos nossos clientes. E a gente espera que o caso seja solucionado e os culpados punidos”, afirma João.
Conforme a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, chega a 21 o número de casos de intoxicação por dietilenoglicol. Além das quatro vítimas fatais, 17 estão internadas em estado grave em Belo Horizonte e outras cinco cidades.