A superintendência do Hospital das Clínicas da Unicamp e a Seção de Epidemiologia Hospitalar apresentaram nesta segunda-feira (27) o plano operacional para possíveis casos de coronavírus na região. No momento não há sequer um caso suspeito da doença no Brasil, mas na China, até esta segunda-feira (27), são mais de 2.700 casos, com 80 mortes confirmadas. E a doença está chegando a outros países: há casos confirmados em dez nações de quatro continentes, incluindo países como Japão, Estados Unidos, França.
O médico infectologista e superintendente interino do HC, Dr. Plínio Trabasso, destaca que apesar disso, é necessário o preparo das autoridades de saúde para o caso de o vírus chegar ao Brasil. Ele explica que o HC da Unicamp é a referência na região para este tipo de doença devido a já ter atuado em outras situações similares, lidando com casos suspeitos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), Gripe suína, a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS) e o Ebola. “A experiência que nós temos de outras ocasiões, outras pandemias, sempre fomos designados como hospital de referência na região para atendimento dessas situações. Foi elaborado um plano de contingência, de enfrentamento para a eventualidade de termos casos aqui”.
Segundo a superintendência, o HC da Unicamp mantém uma equipe multidisciplinar especializada por conta dessas doenças, e ela estará apta a atuar em casos suspeitos de coronavírus, dispondo de estrutura como equipamentos específicos de vestiário, exames laboratoriais e 18 leitos especiais (com isolamento), sendo dois pediátricos de pressão negativa com filtro E.P.A. para internação de pacientes com microrganismos de transmissão aérea.
A médica infectologista, Dra. Maria Luiza Moretti, afirma que os sintomas do coronavírus são similares ao da gripe influenza. Em alguns casos ele pode levar a morte, mas na maioria das vezes isso não ocorre.
Ela explica que, por se tratar de um vírus ainda pouco conhecido, não há exame laboratorial disponível no Brasil para detecção do vírus e confirmação de casos. Com isso, os exames a serem feitos inicialmente visam constatar se há a presença de vírus mais comuns no país. “Você vai fazer primeiro para os vírus mais comuns, influenza, parainfluenza, e outros vírus que temos aqui que dão quadros respiratórios. Uma vez descartados esses vírus tem que ser mandada essa amostra clínica para fora do país, e não sei dizer quanto vai demorar, isso não depende de nós, depende do governo. O que existe é uma nota do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) da China dizendo que em breve eles pretendem disponibilizar esses testes para outros países, mas no momento aqui não tem teste”.
Dr. Plínio Trabasso ressalta que todos os casos confirmados até o momento, inclusive os constatados em outros países, têm como origem a China. “Todos os casos são importados, todos os relatados ou são da China ou foram importados da China, mas mesmo assim estamos preparados caso ocorra, caso haja essa eventualidade, nós estamos preparados para atender esses pacientes”.
O HC disponibilizou uma nota informativa sobre o coronavírus e como profissionais da saúde devem proceder em casos suspeitos.