Na manhã desta segunda-feira, mais um estabelecimento comercial encerrou suas atividades no centro de Campinas. Só que desta vez, a notícia atingiu com mais impacto o emocional de clientes e de quem frequenta ou mora no centro de Campinas.
Há cerca de 60 anos no mesmo endereço, a Padaria Orly iniciou a semana com as portas fechadas e uma faixa pregada com os dizeres: “Prezados clientes e amigos, pedimos desculpas, mas encerramos nossas atividades”. A padaria, que fazia parte da Rede Giovannetti, era uma das mais tradicionais da cidade.
A justificativa do gerente da rede, Wagner Giovanetti, para o fechamento da Orly é principalmente a degradação do centro de Campinas, com o crescimento de pedintes e falta de segurança. Citou ainda o aumento da violência na região e pessoas usando a fachada do estabelecimento para atos libidinosos e para fazer as necessidades.
O locutor Rodrigo Romão de Oliveira frequenta o local desde muito jovem e demonstrou tristeza ao se deparar com as portas do estabelecimento fechadas. A maioria dos agora ex-clientes, não quis se identificar, mas todos confirmam que a situação estava realmente insustentável, como pedintes o dia todo ao redor da padaria, sentados e dormindo na porta.
Outros motivos citados para o fechamento foram aluguel alto e custo social elevado, com pagamento de uma carga tributária excessiva. De acordo com o gerente, a decisão dos proprietários da padaria é irrevogável, mas não impede que no futuro a marca Orly, como panificação, confeitaria e alimentação possa abrir suas atividades em outro ponto da cidade.
Nota da prefeitura:
O fechamento de comércios tem sido observado em vários municípios e intensificado na região central das cidades especialmente em razão da crise econômica pela qual passa o País.
A Prefeitura informa que dispõe de ampla rede de cuidados socioassistenciais para atender e acompanhar a população em situação de rua. A rede inclui: abrigos (masculino e feminino), casa de passagem, albergue municipal, Centro Pop, Casa da Cidadania, Casa da Gestante, abordagem social, consultório na rua, Programa Recomeço. Também são ofertados projetos de qualificação profissional para reinserção no mercado de trabalho, entre os quais destaca-se o Mão Amiga. A Administração ainda mantém o Projeto Recâmbio, que atende aqueles que desejam retornar para a cidade de origem.
Outra medida importante para essa população, foi a construção dos banheiros públicos na Praça Ruy Barbosa, atrás da Catedral Metropolitana, uma reivindicação do comércio na área central. Os sanitários masculino e feminino funcionam das 6h às 22h.
A Administração informa, ainda, que foi criado o Comitê Gestor do Plano Intersetorial de Atenção à População em Situação de Rua com ações imediatas, buscando amenizar a situação desta população e propiciando a saída das ruas. Entre suas ações está a proposição de iniciativas integradas entre serviços como a intensificação de abordagens sociais de pessoas em situação de rua.
A região central também recebe patrulhamento regular da Guarda Municipal, que conta com uma equipe dedicada a essa região. Além disso, há serviço de varrição contínua, além de lavagem com água e sabão no período diurno, inclusive na rua onde está instalado o estabelecimento citado.
A Prefeitura destaca ainda a complexidade desse fenômeno que afeta milhares de pessoas no mundo, sendo que sua negação como parte da sociedade se manifesta em práticas discriminatórias e indiferença social.
Campinas, inversamente a outros municípios, tem ampliado ações que reduzam o impacto deste fenômeno para a população em geral e para os comércios, ao mesmo tempo que promove a implantação de serviços de atendimento para a população de rua. O cuidado da cidade e o cuidado às pessoas têm sido a centralidade.
