A falta de testes, insumos e materiais para os exames em pacientes com suspeitas do coronavírus em todo o País afeta a coleta de dados e pode confundir as pessoas sobre o verdadeiro panorama da pandemia da doença.
Para o professor do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas, Rickson Mesquita, o cenário de imprecisão é ainda pior se não houver unidade entre as diferentes fontes e organização das informações que são divulgadas.
“É muito fácil ter acesso a muitos tipos de dados. E se a gente não entende de onde são, o que significam e como foram coletados, eles podem gerar pânico, ou relaxamento. E isso não pode acontecer. É preciso ter cuidado”, alerta ele.
Ainda segundo Mesquita, a desorganização dos diversos estudos e análises publicados por instituições, entidades e a imprensa sobre a covid-19 pode também prejudicar o planejamento e a execução de políticas de saúde pública.
Por esse motivo, ele e outros professores da Unicamp que trabalham com ciência de dados e análises de informações numéricas apresentam como solução a ampliação do número de testes para que a realidade do surto seja conhecida.
“Enquanto a gente não tem esses materiais e testes pra responder rapidamente, a única solução que a gente sabe que funciona é manter o isolamento e ficar em casa. Não existe informação e evidência de outra medida que funcione”, diz.
A sugestão dos especialistas se baseia no fato de que a doença é diagnosticada e notificada de forma diferente em cada país, o que pode gerar falsas simetrias. Pra piorar, isso também acontece, de certo modo, em cada estado do Brasil.
Na visão de Rickson, o número de mortes pela covid-19 seria um parâmetro que oferece menos riscos a divergências, já que são eventos consumados. A partir disso, a comparação da evolução diária das fatalidades seria mais precisa.