Um medicamento fabricado e comercializado no Brasil tem eficácia de 94% e menos efeitos colaterais do que a cloroquina no tratamento da covid-19. O nome da droga não foi revelado porque o laudo não é conclusivo, mas ela tem preço acessível nas farmácias e costuma ser usada até mesmo por crianças.
Os testes in vitro foram feitos em células infectadas por pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, que fica em Campinas. Os resultados apontaram que a reprodução do vírus foi interrompida. Com isso, a substância foi liberada para ensaios clínicos em pacientes com a doença.
Mas o diretor do Laboratório Nacional de Biociência, doutor Kleber Franchini, ressalta que a resposta do corpo pode ser diferente da obtida em laboratório. “A eficácia in vitro pode ser muito diferente no paciente, porque às vezes você não consegue as doses suficientes pra ter os efeitos terapêuticos”, detalha.
A coordenadora científica do LNBio, Daniela Trivella, lembra que a escolha pela molécula se deu justamente pelo potencial baixo de danos e efeitos colaterais. Ela lembra que o fármaco foi mapeado entre outros dois mil remédios vendidos em todo o Brasil. Deste total, foi o único a apresentar altas taxas de resposta.
“Esse medicamento é altamente seguro, mesmo em altas dosagens. Agora é esperar os ensaios pra checar a eficácia contra o coronavírus”, explica ela.
Na comparação com a cloroquina, que causou arritmia em doentes testados, Trivella e Franchini alegam que o medicamento selecionado é menos tóxico. A informação também foi confirmada pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, responsável pelo CNPEM, Marcos Pontes.
Na divulgação do resultado do estudo conduzido em Campinas, ele disse que os ensaios clínicos serão feitos com 500 infectados sem gravidade pela covid-19. Não há prazo para os resultados, mas Pontes comemorou que os reagentes da droga são feitos no País, o que facilitaria uma possível produção em massa.