Dois decretos municipais que tratam do enfrentamento da pandemia provocado pelo novo coronavírus passaram a vigorar nesta semana em Campinas. As determinações apresentam medidas restritivas e preventivas que deverão ser adotadas pelas unidades de saúde do município como condições para a continuidade de suas atividades. Uma dessas obrigações é o uso de máscaras de proteção nos ambientes em que são prestados os serviços essenciais de assistência à saúde.
É de obrigatoriedade das instituições fornecer e determinar o uso de máscaras de proteção aos funcionários que atuem no atendimento de clientes, fornecer álcool em gel para uso dos clientes e impedir o atendimento de clientes que não estejam usando máscaras de proteção. Assim sendo, a Maternidade de Campinas se manifestou publicamente que não tem condições de cumprir com as determinações dos decretos devido a falta de máscaras registrada na instituição. Apenas para a equipe assistencial, que inclui médicos, enfermeiros e demais profissionais da Saúde que estão em contato direto com paciente, o hospital já tem uma demanda mensal, desde o início da pandemia, de 40 mil máscaras de proteção por mês.
Para estender o uso do equipamento para os funcionários e colaboradores também das áreas administrativas e para os pacientes e seus acompanhantes para que tenham acesso ao hospital, a demanda dobraria, passando para uma necessidade mensal de 80 mil máscaras de proteção. A maternidade alega ainda que os decretos municipais não consideraram a nota técnica da Anvisa, sobre as medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus. De acordo com a nota, devem usar a máscara de proteção em hospitais somente os pacientes com sintomas de infecção respiratória e os profissionais de saúde e de apoio que prestam assistência.
O presidente da maternidade de Campinas, Carlos Ferraz, afirma que produtos como as máscaras e o álcool gel ficaram muito mais caros durante a pandemia. Ele explica que quando os decretos obrigam o uso dos itens em maior volume, traz um deficit econômico importante para as unidades de saúde, que já vinham atendendo as normas impostas pela Anvisa. “Nós consumíamos de 15 a 25 mil máscaras por mês. Com a pandemia, esse número passou para 40 mil. Fizemos uma projeção e se atendêssemos os decretos, seriam 80 mil máscaras compradas por um valor acima do preço real de mercado. Com o álcool gel foi a mesma coisa. Nós disponibilizamos para todas as pessoas que passam pela maternidade. Nós gastávamos 80 litros por mês. Agora são 370 litros. Isso compromete a receita”, afirma.
Em nota, a prefeitura de Campinas informou que para os serviços de saúde, públicos e privados, está sendo definida outra regulamentação sobre o uso de máscaras por usuários das unidades. Esse plano específico está em elaboração pela Secretaria de Saúde. Com relação à Maternidade de Campinas, a gestão do convênio com a unidade fará uma conversa com o hospital no sentido de orientar sobre a regulamentação. Também será reforçado o convite para participação da Maternidade em um grupo de hospitais de Campinas para compra de equipamentos de proteção em conjunto.