A adoção do lockdown, sistema que obriga as pessoas a ficarem em casa, será inevitável no estado de São Paulo, caso o nível de isolamento não suba significativamente nas próximas semanas, segundo um estudo feito na Universidade Estadual de Campinas. As projeções foram feitas através de um modelo matemático.
Entre os dias 8 e 10 de maio, foram registrados, em média, 1.839 novos casos diários de covid-19 em todo o estado, sendo 1.033 somente na capital. Se for mantida a taxa de contágio, que é o número de pessoas para as quais um infectado transmite o vírus, observada nos 30 dias anteriores, no final de junho o estado de São Paulo contabilizará 53,5 mil novas infecções por dia.
Nesse período, estima-se que o número de novos casos dobre a cada 11,5 dias para o estado e a cada 12,9 dias para a capital, nas próximas semanas. O matemático e professor do Instituto de Geociências da Unicamp, Renato Pedrosa, foi responsável pela pesquisa e disse que as taxas de isolamento devem aumentar para evitar medidas ainda mais drásticas relacionadas à pandemia.
Ele explica que o que determina a adoção de um lockdown é a capacidade do sistema de saúde absorver a demanda de atendimento provocada pela pandemia. “O que determina a adoção de lockdown não é o número de casos ou a velocidade de propagação da doença. É a capacidade do sistema de saúde absorver as pessoas doentes.
Campinas hoje tem uma taxa de ocupação de UTI menor que São Paulo, o que nos deixa numa situação um pouco mais confortável. Campinas hoje pode subir o isolamento e evitar uma medida mais drástica que seria o lockdown”, explica.
No topo da lista das cidades mais densamente povoadas do país estão Fortaleza, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro. Se nenhuma medida de distanciamento social tivesse sido adotada para conter o avanço do novo coronavírus nesses municípios, calcula o pesquisador, todos teriam uma taxa de contágio superior e o número de infecções dobraria em menos de dois dias.
