Nesta segunda-feira, 01, Campinas iniciará a reabertura gradual do comércio, após o fim do período mais duro da quarentena imposta pelo governo paulista. Porém, mesmo com o afrouxamento das medidas de isolamento, ainda não há o consenso de que este seja o melhor caminho. E os debates sobre o tema não cessam, e na câmara de Campinas, por exemplo, a discussão segue quente.
Os vereadores Pedro Tourinho, do PT, e Tenente Santini, do PSD, são de correntes políticas diferentes, mas fazem juntos oposição ao governo municipal. Quando questionados sobre lockdown e sobre reabertura do comércio, as opiniões são muito divergentes, mesmo as justificativas sendo similares. Similar porque ambos entendem que nessa fase crítica das crises, é preciso preservar a saúde da população e também a economia.
O lockdown, medida que obriga as pessoas a ficarem em casa, pode ser entendido como a radicalização no combate ao avanço da pandemia, sendo necessário em vários países. Na visão dos parlamentares campineiros, existem justificativas para adotá-lo e para descartá-lo. Para Pedro Tourinho, o lockdown é necessário e urgente, já que as taxas de ocupação de UTI na cidade são altas e o número de casos confirmados segue em crescimento.“É exatamente nesses momentos que é indicada a intensificação do isolamento. O chamado lockdown é o que deveríamos fazer nesse momento, para poder dar um corte mais contundente no número de casos e na progressão da doença. E dessa maneira, a gente pode lidar, num prazo relativamente curto, numa situação que nos permite discutir reaberturas”, afirma.
Já o Tenente Santini não acredita que o lockdown seja uma alternativa viável, já que não há nenhum embasamento técnico que possa garantir a eficiência da medida. Segundo ele, isso sacrificaria principalmente os trabalhadores e pequenos comerciantes. “Eu sou totalmente contrário porque não faz sentido algum. Nós não temos embasamento técnico e nem científico que garanta que o lockdown reduza a taxa de contaminação. Então não dá para você destruir o comércio, destruir os empregos, baseado em algo que é tão sem embasamento técnico para fazer isso”, acredita.
De todo modo, com as recentes decisões do governo de São Paulo, neste momento o lockdown parece estar um pouco mais distante de acontecer no estado. O que de fato passa a vigorar nesta segunda-feira é a reabertura com restrições dos comércios locais. Para Pedro Tourinho, o plano apresentado pelo governador João Doria tem uma falha muito grave, ao não se considerar a situação epidemiológica do estado. Ele afirma que o erro está em promover a reabertura do comércio num momento em que o número de casos de covid-19 ainda está em franco crescimento. “O plano que foi apresentado falha numa questão central, que é uma correta avaliação da situação epidemiológica da cidade e do estado. O estado de São Paulo continua vivenciando uma situação do aumento do número de casos”.
Sobre o plano estadual, Tenente Santini mantém a mesma linha de raciocínio que justificou a oposição pelo lockdown. Segundo ele, os governantes estavam adotando medidas sem nenhum embasamento, mantendo a atividade econômica parada. Agora, o parlamentar entende que o estado apresentou um plano plausível e que pode funcionar se for bem executado. “A abertura feita pelo decreto do Doria eu achei positiva. Porque até então, ele estava seguindo essa metodologia imbecil de fechar sem teoria nenhuma. Pelo menos eles montaram um plano, que pode dar certo. Eu prefiro um plano que dê errado do que não ter um plano”, disse.
Nesta segunda-feira, Campinas reabre parcialmente seu comércio. Pelo plano municipal, os estabelecimentos poderão funcionar com 30% de sua capacidade, desde que sigam os protocolos de saúde. O uso de máscaras será obrigatório. As lojas da cidade funcionarão em horário reduzido, com funcionamento no período entre 10h e 16 h. Os shoppings funcionarão no mesmo esquema, das 14h às 20h. As empresas que não cumprirem as jornadas preestabelecidas serão multadas.
