A proposta de adotar o rodízio de veículos para aumentar o índice de isolamento social durante o surto de coronavírus não é efetiva e piora as condições de deslocamento em um momento de alto risco de contágio no transporte público.
A opinião é do consultor de política urbana Gabriel Rostey, que entende que a restrição aos carros, implantada e revista em São Paulo e que deve ser debatida em Campinas, é a forma errada de combater o número alto de pessoas nas ruas.
“Está havendo um erro na hora de se identificar qual alvo deve ser atacado. Não deve ser o índice de isolamento social, mas a condição de transmissão do vírus. O deslocamento não permite a transmissão, mas sim a interação social”, diz.
Com isso, ele diz temer pelos contatos que passarão a acontecer nos ônibus e nos veículos cadastrados no transporte por aplicativo, por exemplo, já que as pessoas não vão deixar de circular se o carro estiver impedido de ser utilizado.
O especialista cita o exemplo da capital paulista, que ampliou o rodízio existente há anos para tentar aumentar a taxa de isolamento, mas obteve resultados semelhantes no período em que a vigência vigorou, entre os dias 11 e 17 de maio.
“Em São Paulo, o rodízio deixou o isolamento quase na mesma. Mas, ainda que melhorasse o índice, seria artificial e não a situação real. O rodízio pode, na verdade, ter aumentado o contágio com o transporte público”, afirma ele.
Enquanto em São Paulo o rodízio mais restritivo foi revisto e suspenso, em Campinas a medida inédita idealizada pelo prefeito Jonas Donizette foi transformada de decreto para um projeto que deve ser debatido na Câmara.