O pico da pandemia do novo coronavírus ainda não chegou no interior do estado de São Paulo e a tendência para as próximas semanas é de aumento nos números de infectados e mortos. A estimativa é da médica infectologista Raquel Stucchi, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. A justificativa, segundo ela, é que os números crescentes ainda não são resultados da flexibilização da economia adotada na semana passada em vários municípios, pois os casos começam a surgir 14 dias após a pessoa ser contaminada.
De acordo com infectologista, a Região Metropolitana de Campinas e demais cidades do interior estão na fase ascendente, enquanto que na capital houve uma estabilização no topo da curva. A interiorização da pandemia já era esperada, mas a falta de medidas mais enérgicas para impedir o deslocamento das pessoas facilitou e continua facilitando a proliferação da covid-19 no interior.
Para a médica infectologista, não adianta um município manter apenas as atividades essenciais enquanto que a cidade vizinha avança no plano estadual de flexibilização da economia. Ela entende que grande parte da população não consegue manter o isolamento, pois tem que sair para trabalhar e buscar o sustento. Neste caso, na opinião dela, a falta de vontade política é o que mais atrapalha. Diferente do que ocorreu em países da Europa e até mesmo nos EUA, no Brasil a flexibilização da economia ocorre durante a fase crescente.
A especialista da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp cita também que falta conscientização da população em manter o isolamento social. O exemplo pode ser confirmado nas ruas das cidades, com pessoas circulando sem máscaras e promovendo aglomerações. Para ela, está passando da hora dos municípios adotarem medidas mais rígidas afim de dificultar o trânsito das pessoas. Caso contrário, o lockdown será inevitável.