Um imunoterápico da Unicamp usado no tratamento de câncer na bexiga foi usado em pacientes oncológicos que contraíram a covid-19. E os resultados foram animadores e fazem os médicos planejarem agora um teste mais amplo.
O medicamento amenizou a inflamação no pulmão, reduziu o tempo de internação de 18 para 10 dias e permitiu a cura completa da doença causada pelo coronavírus. As doses foram ministradas em casos mais graves da infecção.
O doutor, professor do Instituto de Biologia da universidade estadual e coordenador do estudo, Wagner José Fávaro, explica que o remédio ativa as reações do sistema imunológico, que é justamente o alvo do vírus no organismo.
“Nossa imunoterapia é totalmente brasileira, desenvolvida em universidade pública, e focou no tratamento do câncer, mas testamos contra alguns vírus, pensando justamente nesses mecanismos que ativam a imunidade”, detalha.
A substância é patenteada pela Unicamp, começou a ser desenvolvida há 13 anos e teve a aplicação contra a covid-19 publicada no repositório Social Science Research Network. O resultado ainda não foi revisado por outros especialistas.
Na publicação, o grupo demonstrou como o medicamento apresentou resultados positivos em um grupo de cinco pessoas com mais de 65 anos, todas com câncer de bexiga, outras doenças pré-existentes e quadros graves do vírus.
Com isso, a intenção agora é ampliar os testes e aplicar o remédio em infectados com outros perfis, não só pacientes oncológicos. Só depois disso, segundo o doutor Wagner José Fávaro, é que as respostas passarão a ser mais concretas.
“Agora vamos expandir os estudos para outros pacientes com infeção moderada e que não estejam no tubo e que não necessariamente sejam pacientes oncológicos. Então precisamos ampliar esses estudos e comparar esses pacientes”, afirma.
Apesar da melhora nos contaminados, Fávaro afirma que a intenção da medicação não seria evitar que as pessoas contraíssem a doença, mas sim atuar para impedir que a doença não se desenvolvesse para quadros mais graves.