Total de leitos e profissionais doentes preocupam médicos

Foto: Reprodução

A ocupação de 100% dos leitos de UTI municipais por dias seguidos e a contaminação estimada em 30% dos profissionais de saúde preocupam a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas neste momento da pandemia.

Os assuntos foram debatidos no fórum virtual sobre o surto e um dos alertas foi feito pelo coordenador do Departamento de Infectologia da SMCC, doutor Rodrigo Angerami, que vê tendência de subida dos casos no interior paulista.

Para ele, o crescimento do contágio é evidente. Só que o aumento de óbitos ainda é reflexo de infecções de pelo menos duas semanas atrás. Com isso, fala em revisar medidas para controlar a cadeia de transmissão e evitar o colapso.

“A onda do interior chegou e é ascendente desde a semana passada. Os casos novos estão aumentando e os óbitos, de infecções de duas semanas atrás, também. A gente tem que retroceder. Do contrário, o sistema não vai responder”, diz.

Além de temer a sobrecarga das vagas da rede pública e privada, principalmente para pacientes graves, Angerami afirma que outra realidade ruim é a manutenção de confirmações da covid-19 entre médicos e profissionais do setor.

Segundo o infectologista, como Campinas sofre com o atendimento das notificações da doença locais e de municípios vizinhos, o ideal era que a contaminação de trabalhadores da saúde não prejudicasse ainda mais o sistema.

“Se previamente a gente tinha um sistema que ainda tinha uma capacidade de resposta adequada, agora a gente precisa ter força de RH apta e saudável né? Então, a manutenção da infecção entre profissionais preocupa”, afirma ele.

A presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas, doutora Fátima Bastos, detalha que 30% dos trabalhadores estão doentes. Ela se diz contra a flexibilização, já que a medida elevou o perigo de ampliação de casos e mortes.

“Isso tem que ser refletido pelos gestores e nós nos colocamos contra essa abertura. Nós estamos com leitos esgotados e cerca 30% dos profissionais doentes, o que é uma queda de mão de obra pra cuidar das pessoas”, alega.

Ainda de acordo com Bastos, a população não entendeu que ainda há risco, porque a reabertura parcial fez com que as pessoas acreditassem que o pior já passou, enchendo locais de compras, como shoppings e a Rua 13 de Maio.

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