Os pequenos negócios geridos por donos com menor escolaridade foram os mais afetados na crise gerada pela pandemia de coronavírus. A conclusão é de uma pesquisa feita pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.
O levantamento entrevistou 7.403 microempresários e detalhou que 87% perderam faturamento. Entre os que precisaram interromper as atividades, 44% possuem formação até o Ensino Médio e 41% disseram ter nível superior.
O economista e doutorando em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp, Anderson Pellegrino, avalia que o resultado comprova o motivo da dificuldade das pessoas em manter, por exemplo, as operações digitais das empresas.
“A gente sabe que há uma inserção digital maior entre pessoas de maior escolaridade, o que significa maior domínio de plataformas de comércio eletrônico, de meios de pagamento e de redes sociais também”, explica ele.
A limitação maior de parte dos empreendedores é mostrada também pelos percentuais de negócios que funcionam apenas presencialmente: 47% entre os de nível médio e 33% entre os que alcançaram formação no ensino superior.
A realidade é reafirmada pelos dados dos microempresários que conseguiram aumentar as vendas de forma on-line na pandemia: 41% dos que estudaram além do Ensino Médio e 37% entre aqueles com menor escolaridade.
Mas além de falta de domínio de espaços de divulgação e contato que permitem as vendas à distância, o economista e doutorando Anderson Pellegrino cita também a falta de compreensão de elementos de gestão de posicionamento.
“O menor nível de escolaridade também pode significar menor capacidade de planejamento, de posicionamento no meio digital e de execução de orçamento. Tudo isso carece de estudos, vivência e de conhecimentos”, opina ele.
Os empresários com grau menor utilizam mais o WhatsApp e menos o Instagram, Facebook e sites próprios. Com maior escolaridade, 56% utilizavam o Instagram, enquanto 37% com menor formação usavam a ferramenta.
As informações captadas entre 29 de maio e 2 de junho detalha também as dívidas: 23% dos empreendedores com menos escolaridade possuem pendências, enquanto 30% daqueles com nível superior estão nessa situação.