Apesar da pandemia do novo coronavírus, a produção industrial cresceu 7% em maio, na comparação feita com o mês anterior. O aumento é o primeiro depois de duas quedas consecutivas: de 9,2% em março e 18,8% em abril. Paralelo às quedas consecutivas, o crescimento registrado em maio é o maior desde junho de 2018, quando houve um registro positivo de 12,9%. Já na comparação com o mês cinco do ano passado houve uma retração de 21,9%.
A indústria também apresentou recuo de -8% na média móvel trimestral, de -11,2% no acumulado deste ano e de -5,4% no acumulado de 12 meses. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal, do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
De acordo com o economista e presidente executivo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos Industriais, Paulo Castelo Branco, o aumento mostra uma sensível recuperação no setor industrial brasileiro, a começar pela setor automobilístico que movimenta uma boa parcela do PIB. Segundo ele, nos meses iniciais da pandemia o segmento foi praticamente paralisado com queda superior a 90%. O índice positivo registrado em maio já demonstra recuperação também no mês seguinte.
Além do setor automotivo, conforme Castelo Branco, houve crescimento também no segmento de móveis, linha branca e implementos agrícolas. Apesar da expectativa positiva para junho, o economista afirma que não dá para fazer uma previsão para os próximos meses devido às incertezas do mercado provocadas pelas restrições da pandemia. Para ele, as medidas adotadas pelo Governo Federal para a recuperação da economia são boas, mas esbarram na burocracia e não tem chegado ao destino final.
A indústria brasileira, segundo o presidente executivo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos Industriais, chegou a representar 30% do PIB nacional, mas em março deste ano chegou a 12%. Essa redução significativa ao longo das últimas três décadas, segundo ele, se deve ao processo de desindustrialização do país provocado pela falta de incentivos.
