O limiar de imunidade coletiva, ou de rebanho, ao novo coronavírus pode ser alcançado em um determinado local se um índice de 10% a 20% da população for infectado. O estudo, ainda sem revisão, teve a participação de brasileiros.
Segundo os cientistas, como a população é heterogênea, a chance de uma segunda onda de covid-19 por conta da parcela restante, de no mínimo 80%, é pequena. O motivo é que muitos indivíduos são menos suscetíveis ao vírus.
Um dos autores da pesquisa foi o doutorando do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, a USP, Rodrigo Corder. Ele detalha que os resultados anteriores indicavam que a taxa girava em torno de 50%.
“Sempre há risco de uma nova onda. Mas a característica principal do nosso modelo e o que ele traz de novo é que a gente considera que uma parte das pessoas tem maior suscetibilidade, enquanto na outra isso é menor”, diz.
Além de indicar que não é preciso sacrificar a população para que a imunidade coletiva à doença se desenvolva e seja alcançada, os dados também apontam que a limitação à circulação das pessoas não precisa durar muitos meses seguidos.
Com isso, apesar da opção correta por um lockdown severo, muitos países que estão reabrindo as atividades podem sofrer mais com uma segunda onda de contágio, já que muitos que não sofreram com o vírus podem agora ter covid-19.
“À medida que as regras de distanciamento diminuem, a população que não sofreu tende a se contaminar em um segundo momento. Se essas sociedades continuarem isoladas, terão menos mortes no fim da pandemia”, afirma.
O modelo matemático foi desenvolvido em colaboração com cientistas do Brasil, Portugal e Reino Unido e leva em conta os fatores que influenciam o risco de um indivíduo contrair o vírus. Com isso, duas categorias foram consideradas.
Um dos grupos possui características da ordem biológica, como a genética, a nutrição e a imunidade. No outro, se inserem itens comportamentais que determinam o nível de contato com outras pessoas que cada indivíduo tem.
