O reflexo da paralisação dos Correios nas entregas em todo o país aponta para a busca de soluções no mercado. A principal delas é a expansão da quantidade de centros de distribuição e do alcance dos chamados marketplaces, como Via Varejo, Mercado Livre, B2W, Netshoes e Magazine Luiza.
A tendência é apontada pelo professor e especialista em Logística da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, Mauro Schluter. Segundo ele, o modelo segue as estratégias da gigante Amazon, que aposta em capilaridade para ter cada vez mais o domínio do processo de transporte.
“O objetivo é utilizar toda a capilaridade. Então, a partir daí, a ideia é ter o domínio da entrega. E logística, como se sabe, é ter o menor custo e o melhor serviço. E isso não é o que temos hoje”, diz.
Com a pandemia e o aquecimento do e-commerce nos últimos seis meses, o exemplo da busca pela agilidade e eficácia dos serviços fica evidente, já que a utilização de sistemas de rastreamento das lojas próximas para facilitar a entrega é uma realidade consolidada em muitas redes do comércio.
Por esse motivo, Schluter explica que a greve dos trabalhadores dos Correios apenas confirmou que a movimentação do setor pela adoção de medidas próprias é necessária e inevitável. Para ele, é natural que as grandes empresas tentem se desvincular do papel exercido pela estatal brasileira.
“Se o Correio não oferecer o nível de serviço que os consumidores querem, é natural que as grandes empresas entendam que ter um serviço bom é crucial para a sobrevivência do negócio”, aponta.
Enquanto isso, a abertura de novos centros de distribuição em diversos pontos do país está acelerada. Atualmente, 50% dos produtos do Mercado Livre já saem dos armazéns da empresa. Já a Amazon abriu recentemente um local de 100 mil metros quadrados em Cajamar, na Grande SP.
O professor lembra que o panorama atual no Brasil já aconteceu há anos em outros países. Nos Estados Unidos, onde surgiu a Amazon, por exemplo, o momento atual é de exploração de novas tecnologias. Ele cita como principal exemplo o uso de drones para entregas de encomendas.
