A dificuldade do Brasil para a aquisição dos insumos necessários na produção da vacina contra a Covid-19 evidenciou o grande problema estrutural da indústria farmacêutica brasileira.
De acordo com o professor do Instituto de Química da Unicamp, Luiz Carlos Dias, o país nunca se interessou em investir no desenvolvimento dos insumos, principalmente no chamado Ingrediente Farmacêutico Ativo, identificado pela sigla IFA e que proporciona o efeito terapêutico dos medicamentos e vacinas.
Segundo ele, o relatório da ANVISA de outubro do ano passado, mostra que do percentual de 95% de todo produto utilizado pela indústria nacional, 35 % foram importados da China e 37 % da Índia. O restante, dos Estados Unidos e países da Europa.
Para Luiz Carlos Dia, o Brasil funciona como uma espécie de montadora de medicamentos. De acordo com ele, a urgência para a fabricação da vacina o Instituto Butantan selou acordo para a transferência de tecnologia com a chinesa Sinovac, para a fabricação da CoronaVac, a única vacina disponibilizada para o Brasil até agora. Acordo semelhante foi firmado pela Fiocruz com a Universidade de Oxford e licenciada à farmacêutica AstraZeneca.
Na primeira etapa do acordo do Butantan, que inclui 46 milhões de doses da vacina CoronaVac, o instituto recebeu 6 milhões de doses do produto prontos para serem usado. Na sequencia irá formular e envasar a vacina e numa ultima etapa poderá fabricar o insumo.
Por enquanto segundo o professor do Instituto de Química da Unicamp, cabe ao Governo resolver os impasses diplomáticos, pois, o pais ainda depende dos insumos importados. Ele acredita que a partir de março ou abril o Instituto Butantan irá estar com produção da vacina.