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Exigência de vacina da Pfizer para emprego causa polêmica

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A publicação de uma vaga de emprego de governanta em Campinas em um site de empregos repercutiu em todo o país devido à uma exigência questionável. Dentre as condições obrigatórias para concorrer ao cargo, está a de que a candidata tenha sido imunizada contra a covid-19 necessariamente com a vacina da Pfizer.

Tadeu Ferreira é diretor de uma consultoria de carreira, e trabalha há anos com gestão e seleção de recursos humanos. Ele classifica a exigência como discriminatória. “É uma grande tristeza ver um anúncio assim, inclusive isso pode caracterizar crime, as empresas de RH sérias não podem postar uma vaga que traga qualquer tipo de discriminação, seja de gênero, comportamental, ou xenofobia. Não se pode exigir a vacina Y ou a vacina X, a gente não escolheu qual vacina tomar”.

A vaga, cujo texto deixa implícito ser apenas para mulheres, é para o cargo de babá e governanta, no bairro Cambuí, para cuidar de duas crianças, e realizar a manutenção da residência, cuidando ocasionalmente da limpeza. Além da exigência da imunização com vacina da Pfizer, a vaga pede ainda, entre outras coisas, experiência confirmada como babá e/ou governanta; que a candidata tenha boa bagagem cultural, além de necessariamente ser uma Microempreendedora Individual, ou seja, ter um MEI aberto, para que a contratação não seja realizada pela CLT. O salário oferecido é de R$ 1,6 mil, mais o pagamento de vale-transporte ou combustível, com alimentação no local.

Na visão de Tadeu Ferreira, além da questão da vacina da Pfizer, a vaga ainda traz outras exigências contestáveis. “Ele demonstra vários tipos de preconceito, a pessoa com boa cultura, o que isso quer dizer? Abrir um MEI obrigatoriamente para ela ser contratada como PJ (pessoa jurídica) para uma vaga de governanta, ainda por cima”.

Quanto à exigência de vacina contra a covid-19 por parte de empregadores, independente de qual tenha sido o imunizante utilizado, Ferreira acredita que isso até poderá ser feito, mas afirma que ainda haverá muito debate sobre o assunto. “Eu entendo que a partir do momento que o setor privado tenha liberdade de escolha ele pode sim fazer alguma exigência, pode ser de maneira genérica, exigir alguma vacina contra covid por exemplo para alguém que vai trabalhar no varejo e ter contato com as pessoas, até para diminuir o risco do colaborador”, afirma. “Eu acho que é uma discussão de longo prazo, que ainda haverá questões legais em cima disso para analisar”.

Outro lado

O portal Trabalha Brasil informou que repudia toda e qualquer manifestação de caráter discriminatório e que ao tomar conhecimento do teor do anúncio publicado por terceiro (pessoa física) em seu portal de vagas, já promoveu o imediato bloqueio do usuário e do anúncio por ele publicado.

Disse ainda que se coloca a inteira disposição das autoridades públicas para prestar os esclarecimentos e informações necessárias para que, se for o caso, seja apurada a responsabilização do usuário que divulgou a vaga com as informações de cunho discriminatório.

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