A diretora-executiva do Instituto Sonho Grande, que promove e acompanha os resultados do Ensino Médio Integral, Ana Paula Pereira, faz questão de lembrar que o modelo, ainda pouco conhecido, vai além da jornada de sete a nove horas.
O sistema, que está presente em 62 escolas da Região Metropolitana de Campinas, desenvolve competências socioemocionais, prepara o jovem para a vida adulta e acumula dados animadores durante e após o período de ensino.
No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o IDEB, por exemplo, enquanto as escolas regulares tiveram média de 3.9, as unidades com Ensino Médio Integral atingiram 4.7 na média nacional e ficaram 0.1 acima da meta.
“Além disso, o abandono e a evasão atingem metade, ou um terço a menos dos alunos, a probabilidade de acesso ao ensino superior é 17% maior e os salários médios dos estudantes do EMI também são 18% maiores”, explica Ana Paula.
Outros indicadores apontam ainda que os egressos do sistema por todo o País tendem a valorizar mais a formação acadêmica em relação ao planejamento familiar e a ocupar cargos com maior qualificação no mercado de trabalho.
Apesar de ser uma política pública nacional, se mostrar eficaz e atingir mais de 778 mil estudantes e 3.720 escolas no Brasil, o equivalente a 10,6% até 2019, o Ensino Médio Integral possui vagas em aberto e pode ter maior expansão.
A adoção do sistema por parte das escolas e dos governos estaduais depende de uma série de requisitos normativos. Depois, é necessária a formação de professores e gestores em disciplinas como Projeto de Vida e Estudo Orientado.
Em São Paulo, onde o Programa de Ensino Integral nos segmentos fundamental e médio existe desde 2012, a coordenadora do Centro de Mídias na Educação de SP, Bruna Waitman, diz que a evolução da média de notas é maior a cada IDEB.
“A gente percebe que as escolas do programa cresceram 1.2 no Ensino Médio em comparação com 0.6 das regulares. Trinta e três das primeiras colocadas no IDEB do Ensino Médio do estado são do Ensino Integral”, detalha Bruna.
A pasta estadual de Educação não detalhou quantas das 1.064 escolas de tempo integral são de Ensino Médio atualmente, mas informou que o modelo atende cerca de 540 mil alunos. Em 2021 mais 400 unidades se adequaram ao formato.