Se parte da nobreza resiste em permanecer em prédios históricos, como o do Jockey Club Campineiro, atualmente, o cenário que se vê no Centro da cidade em nada lembra os velhos tempos em que a região era marcada apenas pelos principais acontecimentos de Campinas.
Atualmente, os sinais também são da degradação e da falta de incentivo para o comércio local. Com o passar do tempo, mesmo estabelecimentos tradicionais, que estavam instalados na região central há anos, fecharam suas portas.
Pelas ruas, multiplicaram-se as placas de locais vagos para venda e locação. Alguns deixaram de funcionar em razão da crise provocada pela pandemia. Outros, no entanto, já vinham enfrentando dificuldades mesmo antes da chegada da pandemia da Covid 19. O gerente do Restaurante Rosário, Arlindo de Paula, um dos mais tradicionais de Campinas, conta que durante seus 38 anos de trabalho, acompanhou as mudanças da região.
“A gente sente que está ilhado com o descaso da prefeitura. Estamos abandonados. A pandemia piorou, mas essa situação já vinha acontecendo há uns cinco, seis anos”, diz de Paula.
Para ele falta estrutura para os comerciantes, falta segurança para consumidores, e por fim, falta de estímulo para que população volte a frequentar o Centro. Tudo isso, fez o movimento cair.
“Poderia ter um trabalho para trazer a população mais para o Centro. Hoje, eles têm medo”. afirma o gerente.
O professor de História da PUC Campinas, Lindener Pareto Júnior, explica que Campinas, e outras tantas cidades brasileiras, sofrem com problemas parecidos no que se refere à preservação histórica: “o esquecimento”. Para o especialista, as políticas públicas não têm continuidade institucional. Com as mudanças de governos os projetos sociais, urbanos e arquitetônicos estão sempre partindo da estaca zero e não há o acúmulo de bons projetos anteriores, mas o descarte.
“Revitalizar um centro histórico como o de Campinas é mostrar a história da nossa gente, a história do nosso trabalho, das nossas lutas. Não há possibilidade de se pensar em um futuro sem pensar na valorização do espaço histórico central”, diz.
Sobre a preservação do Centro, a Prefeitura informou que tem três grandes projetos de revitalização para a região, que envolvem a avenida Campos Salles, a área do Mercadão o do Pátio Ferroviário e que realiza limpeza e manutenção contínuas na região.
Em relação à população em situação de rua, a administração afirma desenvolver ações intersetoriais para amenizar a vulnerabilidade e proporcionar a saída das pessoas desta situação.
Sobre a segurança, afirmou que a Guarda Municipal mantém rondas diárias constantes e que o Centro é monitorado por câmeras da Cimcamp. Além disso, informa ter recebido representantes dos vários setores da economia para ouvir as demandas e buscado soluções para manutenção do setor produtivo da cidade.