Após 20 anos da morte do ex-prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, a família irá denunciar o Estado brasileiro para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, a OEA.
Marina Garcia Santos, filha de Toninho, afirma que a família fez tudo o que era possível na justiça brasileira para que os responsáveis fossem identificados e punidos: “A gente está entrando com um pedido na OEA para que reconheça que o Estado brasileiro foi omisso na investigação desse crime. O meu pai, como um crime político, acho que tem também diversos outros crimes políticos que na maioria deles não se chega também a um resultado de que executou, a gente esgotou todas as possibilidades de investigação aqui dentro do país e agora vamos recorrer a isso”, disse.
Isso acontece porque após o dia 10 de setembro, quando se completou 20 anos do crime, o assassinato entrou em prescrição. Isso significa, segundo o Código Penal, que não há mais punição para o responsável.
Marina explica que viver essa impunidade é algo muito difícil para a família: “Viver com o sentimento de impunidade, de injustiça, ter que viver com isso até hoje, são 20 anos da morte do meu pai, um crime que em nenhum momento teve empenho em ser investigado de uma forma correta, decente, até posso usar essa palavra. Essa impunidade que a gente vive hoje é muito difícil, pessoalmente porque eu perdi o meu pai, mas também para a história desse país”, relatou.
As investigações continuam com depoimentos que foram coletados desde 2012 até 2020. Para o Ministério Público, a tese sustentada é de que Toninho foi morto porque dirigia devagar na Avenida Mackenzie e, por isso, atrapalhou a fuga da quadrilha de Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho.
Para a família, Toninho foi executado em um crime político: “Ele estava pensando em um projeto político muito diferente do que a cidade se tornou hoje, inclusive. Para mim, minha família, acho que isso fica tão claro que nesses 20 anos esse projeto do meu pai se perdeu, com o assassinato dele isso se perdeu. Para mim fica muito claro que ele foi tirado, executado, porque esse projeto que ele acreditava não cabia na cidade”, afirmou.
Toninho foi eleito Prefeito de Campinas em 2001 com 290.132 votos e foi assassinado após 10 dias de completar oito meses de mandato.