Campinas tem mais de 70 capivaras espalhadas pelos parques da cidade, mas a Prefeitura não sabe exatamente qual é o tamanho dessa população e, consequentemente, do problema. Isso porque esses mamíferos são os hospedeiros do carrapato-estrela, que se estiver infectado pode transmitir a febre maculosa aos humanos.
Neste ano duas mortes pela doença foram registradas no município, um homem de 58 anos e um menino de 13 anos. A informação foi divulgada em 30 de agosto.
Esses casos graves e a presença das capivaras e carrapatos nos parques da cidade preocupam os moradores e frequentadores dos locais. É o caso da Gizelle Lima, que costuma ir ao Parque das Águas, no Parque Jambeiro, e tem um filho de 10 anos que já foi picado: “Ele foi mordido sim por carrapatos, no ‘pézinho’ dele houve um processo inflamatório, eu tive que levá-lo ao médico, pronto-socorro, passou um antialérgico, graças a Deus hoje ele está bem melhor. Eu creio que esteja faltando por parte do poder público um tratamento para eliminar os carrapatos das capivaras com medicações”, explicou.
Luciana Girardi também já teve problemas. Em 2019 a filha dela foi picada por carrapatos em uma creche no bairro Nova Europa, felizmente, o caso não foi grave. Ao visitar o Parque das Águas em agosto desse ano, o problema poderia ter se repetido, mas a mãe decidiu prevenir: “Na semana passada eu levei a minha filha de seis anos lá e ela quis ir nos brinquedinhos que ficam em cima da grama e foi questão de minutos, quando eu olhei para as minhas pernas já tinham vários carrapatos subindo, eu peguei ela imediatamente e deixamos o parque. Poxa né, bem do lado de casa e não poder frequentar pelo risco”, contou.
A Prefeitura informa que faz a manutenção dos parques e mantém a vegetação baixa. O responsável pelo Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (Dpbea), Paulo Anselmo, afirmou que é preciso diminuir o suporte de vida desses animais, já que os parques possuem local arejado e água, atrativos para as capivaras. Outra medida como retirada dos mamíferos dos parques já foi feita, mas isso não funciona, segundo Paulo.
O veterinário explica também que há um projeto chamado Reconecta, que visa interligar as matas das cidades próximas para que os animais possam circular. Para ele, essa medida vai reduzir o problema ecológico: “O que a gente tem é que os predadores ficam presos a fragmentos de matas e os animais que são controlados por eles tem livre trânsito. Esse é o contexto que a gente encontra nas cidades que tem o problema. Os 20 municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC) são signatários, estão participando desse processo e o objeto é religar através de corredores de fauna todos esses fragmentos, não só de Campinas mas de toda Região Metropolitana”, disse.
Segundo informações da Prefeitura, há 40 capivaras na Lagoa do Taquaral e 30 no Lago do Café. No entanto, a administração não soube informar o número desses animais presentes no Parque das Águas e no Parque Ecológico.