Com a pandemia, intensificaram-se os serviços de delivery. Um hábito que se mantém, mesmo com o avanço da vacinação e a queda nos índices de transmissão da covid-19. Nesse novo normal, motociclistas que trabalham com entregas viram nessa atividade uma oportunidade de trabalho, mas boa parte deles tem realizado adulteração nos escapamentos, com o objetivo de tornar o barulho muito mais alto do que o modelo de fábrica, o que é ilegal. Apesar da comodidade para o consumidor, o aumento na circulação de motociclistas tem trazido também muita dor de cabeça, no sentido literal da expressão. “No final do dia a gente está com dor de cabeça de tanto barulho”.
No caso dos comerciantes de Campinas, que normalmente têm seus estabelecimentos localizados em locais de grande movimentação, essa situação chega a prejudicar os negócios. “É horrível! Se você estiver falando com cliente tem que parar para esperar eles passarem, Ninguém consegue falar. E além das motos, tem agora as bicicletas motorizadas que são ainda mais barulhentas”. Além dos comerciantes, moradores e trabalhadores da cidade também têm sofrido com a situação, como conta Ruy Ribeiro, que trabalha na portaria de um condomínio na Avenida Francisco Glicério, onde moram muitos idosos. “Perturba demais. Devia ter uma fiscalização em Campinas, O pior horário é o de entrega de comida à noite. O morador reclama muito, aqui tem idosos e doentes”.
A medida descumpre uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que estabelece limites para emissão de ruídos de escapamento de motos, além de ferir o Código Brasileiro de Trânsito, que proíbe adulteração de escapamentos e motores de veículos. Em âmbito municipal, os vereadores de Campinas aprovaram em agosto do ano passado um projeto de lei de autoria de Luiz Rossini, do PV, que é líder de governo na Câmara. É o acréscimo de um capítulo à Lei do Silêncio.
Rossini explica que o objetivo é criar um instrumento legal para que o município possa atuar na fiscalização e punição de quem desrespeita a Lei. “Eles tiram o abafador de ruído e fica ensurdecedor. Além de ser um desrespeito, pode causar danos à saúde ao próprio motociclista”. O que falta para que a Lei passe a valer efetivamente é a regulamentação, que, de acordo com o líder de governo na Câmara, está sendo discutida pelos órgãos responsáveis. Mas, a Prefeitura não informou a data prevista para que isso ocorra.