A Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Campinas identificou 455 menores de idade que ficaram órfãos em Campinas desde o início da pandemia da Covid-19, em março do ano passado. A intenção é criar uma rede de proteção para esses casos.
A promotora Andrea Santos Souza começou o levantamento em maio deste ano, buscando casos desde março de 2020. O objetivo principal é evitar a separação de irmãos, adoções ilegais, e garantir a segurança alimentar e de moraria.
O levantamento é feito no âmbito de um inquérito administrativo instaurado pela promotora. Os dados são atualizados mensalmente a partir dos registros de certidão de óbito enviados pelos cartórios.
“A gente ainda está no começo, vendo o tamanho que tem. Até porque a gente não conseguiu localizar ainda crianças que perderam os guardiões, a gente só localizou quem perdeu pai e mãe. Então, esse número vai aumentar”, afirma.
Isso acontece porque nas certidões de óbito não consta se a pessoa cuidava de algum neto ou outro parente.
De acordo com a Promotoria, na segunda etapa também vai trabalhar para evitar evasão escolar e prevenir a exploração do trabalho infantil, porque a pandemia deixou muita gente empobrecida e isso pode representar um risco para essas crianças.
Entre os 455 casos levantados, dois menores perderam o pai e a mãe para a Covid-19, esses casos são chamados de orfandade bilateral. Os demais perderam o pai ou a mãe.
Os dados coletados são enviados para as redes de serviços para que possam verificar as famílias que precisam de algum tipo de acompanhamento.
Outra preocupação é com a saúde mental desses menores.
“É preciso ver a saúde mental dessas crianças, um acompanhamento porque isso vai causar uma dor, sofrimento emocional que pode refletir no seu comportamento na escola, na sociedade, a gente precisa estar atento para isso também”, diz.
A promotora afirma que o trabalho vai continuar até que a rede assistencial para essas crianças esteja completamente formada e funcionando automaticamente.
