Os resíduos secos deveriam representar pelo menos 20% do potencial de coleta seletiva, em Campinas. No entanto, apenas 2% são recolhidos pelo Departamento de Limpeza Urbana da cidade. Os números do DLU revelam que o restante, denominado resíduo seco, como vidro, papel, metal e plástico, se perde. Ou seja, nem o básico, que é separar o seco do úmido, tem sido feito com eficiência.
Os resíduos úmidos são os restos de comida, por exemplo. E tem ainda o contaminante, como fraldas e lixo do banheiro. A Política Nacional de Resíduos Sólidos preconiza essas três variáveis de reciclagem. Maíra de Souza Pereira, fundadora do ViraSer, um programa de Logística Reversa de Resíduos que viabiliza em escala a recuperação de recicláveis, diz até entender que os resíduos orgânicos dependam de uma tecnologia avançada de reciclagem, mas ela lamenta que nem mesmo o mais simples seja feito no país.
De acordo com o diretor do Departamento de Limpeza Urbana de Campinas, Alexandre Gonçalves, só será possível falar em reciclagem com seriedade quando o município implantar um sistema que inclua essas três variáveis. O cumprimento dessa meta depende do investimento da iniciativa privada, com a licitação do projeto de PPP, na qual o vencedor será o responsável pela coleta seletiva e pelas usinas de compostagem e CDR, que é a transformação de resíduos em energia.
A licitação da PPP do Lixo, como ficou conhecida, está em fase de readequação solicitada pelo tribunal de contas e a expectativa é de que no segundo semestre do ano que vem ela seja retomada. Enquanto isso, Alexandre admite que Campinas esteja no ritmo do resto do país. Ou seja, muito longe de atender à Política Nacional de Resíduos Sólidos, com uma coleta seletiva de apenas 2%, apesar dos resíduos secos representarem 20% de todo o lixo produzido pela população da cidade.
Em países desenvolvidos, como a Bélgica, por exemplo, a reciclagem, tanto do seco, quanto do úmido, está num estágio bem avançado, com reciclagem e compostagem de cerca de ¾ de todo o lixo produzido pela população. Na próxima reportagem dessa série, vamos entender como a educação ambiental e a conscientização podem contribuir para tirar o país da lanterna quando assunto é reciclagem.