O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp com infraestrutura antiga, alta procura de pacientes, poucos leitos, e sem profissionais suficientes, está à beira do caos, segundo a médica Elaine Ataíde, superintendente em exercício.
Imagens divulgadas nesta terça-feira (16) mostram superlotação de pacientes no Pronto Socorro do HC. A assessoria de imprensa admite que a unidade funciona atualmente com 150% de ocupação.
Ainda segundo o hospital, os atendimentos represados por causa da pandemia da covid-19 fizeram com que a procura crescesse devido a retornos e consultas agendadas, agravando ainda mais a lotação, que já é comum na unidade.
A médica Elaine Ataíde explica que a infraestrutura é a mesma desde 1986, mas que os atendimentos cresceram muito, alcançando uma população de 7 milhões de pessoas.
“No hospital como um todo a gente só tem 400 leitos, a gente acaba muitas vezes não conseguindo fazer uma internação mais rápida e necessária para esses pacientes, que acabam ficando no pronto-socorro aguardando um leito de enfermaria. O tratamento deles já vem sendo feito, mas acaba sendo feito, uma grande parte dele, no próprio pronto-socorro”, explica.
A superintendente em exercício reforça que há uma disparidade entre a infraestrutura e o volume de atendimentos. Elaine Ataíde diz que em cidades menores, com menos atendimentos, houve maior investimento, como em Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, e Marília.
“Eles têm uma média de hospital como o nosso, de 800 leitos. O nosso é apenas de 400. Tudo isso somado leva a essa situação que nós estamos vendo e que muito nos aflige aqui dentro do hospital”, diz.
A médica aponta que a região precisaria de pelo menos de mais uma infraestrutura parecida com a atual para conseguir atender melhor e que já existem conversas nesse sentido.
Elaine Ataíde ainda diz que há grande déficit de pessoal por conta de aposentadorias e afastamentos. Só na enfermagem são 220 profissionais faltantes.
“Desses 220 a gente conseguiu que a universidade conseguisse repor 60 para que a gente não fosse colapsar e fechar as nossas portas já no final desse ano”, diz.
A médica aponta que há conversas com o Estado de São Paulo e Diretoria Regional de Saúde para conseguir mais verbas para contratação de pessoal.
Essa situação, de acordo com a superintendente em exercício, faz com que leitos de enfermaria fiquem fechados e que o centro cirúrgico não opere na capacidade máxima.
“Nosso centro cirúrgico hoje roda por volta de 40%, fazendo que as nossas listas de pacientes aguardando para serem operados aumente muito. A gente não consegue rodar essa lista na sua totalidade”, reforça.
A médica alerta que a situação é complexa e, muitas vezes, gera transtorno já que o investimento feito não acompanhou o crescimento.
“Por isso que hoje, no final desses 30 anos, a gente chega numa situação que beira, realmente, o caos. Isso não é uma coisa recente, mas ao longo dos anos esse crescimento não foi compatível com o investimento”, afirma.
Elaine Ataíde reforça que a falta de pessoal é angustiante porque os médicos não conseguem dar o tratamento rápido e adequado para cada caso.