A Ceia de Natal e Ano Novo devem ser mais magras para grande parte da população por conta dos preços dos alimentos, especialmente, as carnes mais consumidas nesta época.
Vanda Vias diz que a carne de primeira está a preço de bacalhau e que será obrigada a fazer substituições.
“Comprava um peru, hoje tem que comprar chester. Comprava uma leitoazinha para a passagem de ano, agora tem que comprar bistequinha. Horrível. Nada vai voltar a ser o que era antes sem que tenha um governo que pense na população, como a população tem que sobreviver, não tem projeto de governo para isso. Vai ser mais magro não só para mim, para todos”, afirma.
Essa percepção é compartilhada por Luiz Carlos do Vale, que diz que todo alimento subiu e o custo de vida está exorbitante.
“A gente está fazendo uma pesquisa e nunca me senti tão humilhado como estou me sentindo nesse governo. Esse governo federal. O alimento é tão caro que o pobre não tem mais acesso ao alimento que é necessário e a gente vê isso aí, preços absurdos. Estou inconformado, insatisfeito com esse governo, que deixou nosso país nessa miséria, nessa situação tão difícil”, reclama.
O economista Roberto Brito de Carvalho, professor da Faculdade Ciências Econômicas da PUC-Campinas, explica que os preços estão mais altos do que no ano passado, que a inflação chegou perto dos 10% nos últimos 12 meses, com câmbio desvalorizado e dólar alto.
“Os produtos natalinos, muitos deles que são referentes ao nosso cotidiano, já vinham com o preço aumentado ao longo do ano e, mais especificamente, os produtos que são importados sofreram essa variação cambial. A gente só não tem um aumento de preço ainda maior porque as restrições orçamentárias das famílias brasileiras são muito grandes”, explica.
De acordo com o economista, além da desvalorização cambial, as oscilações das cadeias produtivas, interrupções, trocas de fornecedores, e a dependência da China, também impactam nos custos e no preço final.
Os comerciantes estão sentindo exatamente esses efeitos, e tentam algumas táticas para atrair os clientes. Graziele Mancini, proprietária de um açougue no Mercado Municipal, tem tentado segurar os preços.
“A leitoa está saindo por R$ 39,90 kg, o frango inteiro R$ 10 kg, a costelinha tem de R$ 22,90 até R$ 26,90. A gente tem várias opções, por exemplo, ela inteira, com couro, sem couro, tem picada, a gente tem várias opções para ajudar o cliente do lado da economia e da preferência do corte”, conta.
Mesmo com essa estratégia, as vendas continuam abaixo daquelas registradas no ano passado.
“Está um pouco difícil, o movimento a gente esperava mais. Não sei se vai ser melhor na semana que vem, que é mais próximo do Natal, mas não está no clima de natal ainda as vendas. Está saindo pernil, mas no ano passado a gente vendeu mais. O pessoal está com pouco dinheiro, a gente percebe que eles vêm bem regulados”, relata a comerciante.
Ainda de acordo com o professor Roberto Brito de Carvalho, os preços devem se manter altos.
“Infelizmente, não temos nenhuma expectativa de que vá acontecer uma redução de preços, seja por qual motivo for. A nossa grande preocupação está no período seguinte, 2022 não apresenta ser um ano fácil. Não há perspectiva de controle da inflação rápida, mas sim ao longo do processo de todo ano”, alerta o economista.
Maria Leda Pedrosa concorda com o professor e tem certeza que os preços não vão baixar e o jeito vai ser usar a criatividade no preparo da ceia.
“No Natal com certeza vai ficar tudo mais caro. Sinceramente, vou apelar para um frango, que não está tão barato também. Vou fazer um peito de frango, inventar alguma coisa. Era peru, era chester, mas agora não tem como não. Está muito caro. Tem que melhorar, está tudo muito difícil, tem que melhorar”, afirma.