Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) constatou que entre março de 2020 e outubro de 2021 a carne bovina teve um aumento real de 133%, já descontada a inflação. Com isso, o consumo deste tipo de carne no país despencou, e é o menor em 25 anos, segundo o Centro de Inteligência da Carne Bovina da Embrapa.
A população tem se virado com outros tipos de carne, como as de aves e a suína, conforme detalha Oclésio Mancini, proprietário de um açougue no Mercadão de Campinas. “Situação tá que a carne de boi o preço disparou, todo dia sobe, então o pessoal tá mais com a carne suína e de aves, caiu em torno de 70% a venda da carne bovina, e as demais as vendas subiram”. E o aumento no consumo dessas carnes também eleva os preços. O custo de produção de aves e suínos já acumula altas neste ano de cerca de 8,8% e 9,1%, respectivamente, segundo dados da Embrapa.
Mas não são todos que podem fazer essa substituição. Thiago Silva tem uma marmitaria fit, e precisa manter as opções com carne vermelha no cardápio. “A gente tenta algumas substituições, mas nem tanto, a gente tá sentindo muito a alta da carne mesmo, subiu bastante”.
Entidades do setor e especialistas apontam que aumento da carne bovina se deve principalmente a alta de grãos como milho e soja, que são a base da alimentação dos animais e representam cerca de 70% dos gastos da produção. Anteriormente, o grande problema foi o aumento das exportações para a China.
Juliana Ferraz é Analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o Cepea, da Esalq/USP, e afirma que o cenário em relação ao preço de carne bovina é de incerteza. “O preço da carne bovina segue elevado, e mesmo com a expressiva queda no consumo doméstico a baixa oferta de animais tem sustentado esses altos patamares de preço, mas apesar desse movimento, já começa a se desenhar um cenário de incerteza no mercado, já que o rebanho suíno da China está praticamente recomposto e com isso cai a necessidade de importação de carne pelo país asiático tem diminuído”. Apesar disso, uma eventual queda nas exportações para a China não são necessariamente uma garantia de queda nos preços, já que há muitos fatores envolvidos.