Junho e julho são meses marcados pelas festas típicas da época, as tradicionais festas juninas, e também festas julinas, estas criadas mais recentemente. Uma das principais características dessas festas são as deliciosas comidas típicas, com temática caseira e rural. O milho é um dos principais ingredientes utilizados em várias dessas comidas e bebidas, como pamonha, curau, suco de milho, canjica, bolo de milho, além do delicioso milho na manteiga.
A safra principal do milho costuma ocorrer durante o verão, restando uma safra menor para esta época do ano. Além disso, o estado de São Paulo não costuma atender produzir milho o suficiente para atender a própria demanda. Em 2021, por exemplo, cerca de 50% das 8,2 milhões de toneladas tiveram de vir de outros estados.
Isso poderia ser um problema, mas Diogenes Kassaoka, Gerente de Mercado da Ceasa, explica que o milho consumido nas festas não tem relação direta com o produzido para outros usos. “Essa sazonalidade é para a produção de grãos, o milho que consumimos nas festas juninas é classificado como milho doce, é cultivado como hortaliça, e não tem essa sazonalidade clássica, então para fugir de questões de cultivo ele é irrigado, ele tem uma série de tecnologias para ser produzido o ano todo”.
Mas quem trabalha com alimentos a base de milho, e quem organiza festas juninas sabe que a demanda alta nesses meses acaba tornando difícil o trabalho de encontrar milho com qualidade, que renda bem nas receitas. Leonardo Rocha, que tem uma loja com produtos a base de milho em Campinas, afirma que após dois anos sem festas juninas a demanda está altíssima, com crescimento de mais de 60% nos pedidos, o que até dificulta atender a demanda. “Isso é bom, traz um fôlego bacana, mas ao mesmo tempo o desafio da matéria prima pra conseguir atender nos traz um certo desconforto, nós tínhamos fornecedores muito próximos da gente, de Monte Mor, Artur Nogueira, e agora temos de buscar na região de Casa Branca, que já fica bem mais distante, e é a principal região que nos atende hoje”.
Leonardo relata que chegou até a ter dificuldade para produzir pamonha devido à falta de milho. “São vários fatores, tem o fator chuva, fator geada, os produtores estão diminuindo o plantio e até migrando a produção para o consumo animal, que pagaria melhor, é um grande desafio, mas estamos driblando e tem dado certo”.
Além do consumo direto, o milho também é utilizado de outras maneiras. No mundo, a maior parte do consumo, mais de 60%, se dá em ração animal. Mas também há outros usos, como na indústria alimentícia, e na produção de biocombustíveis, entre outros.