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MPF apura denúncias de propinas envolvendo municípios da região no escândalo do MEC

Foto: Reprodução/Video Pref. Nova Odessa

Um parecer do Ministério Público Federal aponta que o ex-gerente do Ministério da Educação, Luciano Mussi, recebeu propina de R$ 20 mil, a pedido do pastor Arilton Moura para intermediar um encontro do empresário de Piracicaba e presidente do AVANTE, Edvaldo Brito com o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro no ano passado, em Brasília.

No encontro, realizado em julho de 2021 no gabinete do então ministro, Ribeiro, Brito e o prefeito de Nova Odessa, Cláudio José Schooder, o Leitinho, anunciaram a vinda do chamado “Gabinete Itinerante” do MEC.

No parecer do MPF ao qual o jornal O GLOBO teve acesso, e que integra ação que culminou com a prisão de Milton Ribeiro, o empresário de Piracicaba aponta que conseguiu essa reunião depois de encontrar Musse em um hotel de Brasília.

Durante o encontro com o ex-ministro, a própria prefeitura do interior paulista publicou um vídeo em que aparecem o ministro, o prefeito e o empresário que também atuava, neste caso, como coordenador do evento regional do gabinete itinerante. Nele, Milton Ribeiro ressaltou o trabalho realizado por meio do gabinete.

“Esse encontro que está sendo  patrocinado pela prefeitura de Nova Odessa é para levar os técnicos do FNDE para poder dar caminhos e soluções para aqueles que querer adquirir, via Governo Federal, creches, escolas, ônibus escolares, e tudo mais”

Ainda nessa gravação, o empresário de Piracicaba e articulador do encontro e do evento citou a importância do Gabinete Itinerante para a região.

“Ministro, eu quero até cumprimentar o senhor e o prefeito também porque Nova Odessa é uma grande região…ali, Campinas, Piracicaba e todas aquelas grandes cidades e, em agosto, o senhor pode ter certeza que os prefeitos de toda aquela região vão receber o senhor”

No parecer do Ministério Público Federal, para essa gravação ser feita, o pastor Arilton Moura teria solicitado a emissão de passagens aéreas pela prefeitura de Piracicaba “para sua comitiva particular, da qual fazia parte Luciano Musse, além de uma propina de R$ 100 mil “a título de colaboração”.

Ao MPF, o empresário de Piracicaba Edvaldo Brito também apresentou extratos bancários nos quais há registros de transferências via depósito de R$ 20 mil na conta pessoal de Musse, à época gerente de projetos do MEC, e outros R$ 30 mil na conta de Bertolomeu, genro do pastor Arilton Moura. 

Edvaldo Brito disse que o valor foi depositado a pedido de Arilton Moura e pago em parcelas pelo empresário Danilo Felipe Franco, que mantém contratos de dedetização com diversas prefeituras paulistas.

Dois meses após o evento realizado em agosto do ano passado, a Prefeitura de Nova Odessa anunciou a conquista de R$ 3,6 milhões para creches, materiais de apoio e capacitação de educadores.

À época, em nota, a Prefeitura de Nova Odessa afirmou que jamais tratou sobre qualquer liberação de recursos federais do MEC junto aos pastores citados.

e que as tratativas sobre os convênios em andamento são realizadas diretamente junto às equipes técnicas do Ministério da Educação e do FNDE.

Procurada, a Prefeitura de Piracicaba informou que não aceitou sediar o evento porque seria necessário arcar com custos de hospedagem, alimentação e passagens. A administração não aceitou arcar com essas despesas.

A CBN entrou em contato também com o empresário Edvaldo Brito mas ele não retornou as mensagens.

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro deixou a carceragem da Polícia Federal na capital paulista na tarde desta quinta-feira, após o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, cassar a prisão preventiva.Ele havia sido preso um dia antes pela Polícia Federal. 

Ribeiro é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação.

 

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