Nos últimos dois anos você ouviu as palavras “saúde”, “prevenção” e “exame” milhares de vezes. Mas enquanto os holofotes do sistema de saúde estavam sobre os casos de Covid-19 as demandas de pacientes oncológicos estacionaram.
Um estudo da Unicamp e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) apontou que mais de um milhão e setecentos mil exames de rastreio de cânceres de mama e de colo do útero deixaram de ser feitos desde o início da pandemia.
De acordo com o pesquisador da Unicamp, Professor José Barreto Carvalheira, essa redução vai refletir nos números de óbitos nos próximos dez anos.
“Então, tivemos uma redução que chegou a um total de mais de 30% [de redução] dos exames. Além disso, a gente mostrou nesta pesquisa que houve uma redução também nos diagnósticos, e já conseguimos perceber aumentos de casos avançados. Isso é muito preocupante porque isso significa já alguma repercussão no aumento de mortalidade por câncer.”
Para voltar ao patamar pré-pandemia, Carvalheira afirma que o sistema de saúde precisa dobrar o número de atendimentos.
“Tem que fazer mutirões de cirurgia. Foi feito agora pelo Governo do Estado, mas ainda não é suficiente. [Precisa] aumentar muito, praticamente uma vez e meia ou duas vezes o que tem de atendimento atual.”
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo estimam um excesso de 156 casos de câncer de colo uterino no Estado de São Paulo em estágio avançado, quando a chance de cura é reduzida.