A Prefeitura de Campinas confirmou na semana passada mais duas mortes por febre maculosa na cidade, sendo que uma das vítimas, um homem de 30 anos, pode ter sido infectada na Praça da Paz, área de 53 mil m² localizada no Campus da Unicamp, em Barão Geraldo.
É o que indica um laudo emitido pelo Departamento de Vigilância Sanitária da Prefeitura de Campinas. O documento indica que a praça é o local provável de infecção da vítima. O óbito foi registrado no dia 26 de junho, oito dias após o início dos sintomas. O homem não integrava a comunidade universitária da Unicamp.
Por causa da suspeita, uma equipe da Unidade de Vigilância em Zoonoses de Campinas realizou nesta quarta-feira (27) uma pesquisa acarológica no campus. A Bióloga da Unidade de Vigilância de Zoonozes, Angela Santiciolli, explicou como é o procedimento, que utiliza gelo seco embaixo de um pano branco, já que a cor facilita identificar a presença de carrapatos. “Pra isso a gente usa duas técnicas: a armadilha de gelo seco, que é gás carbônico, que vai simular a respiração do animal e vai atrair o carrapato, que irá pensar que está indo atrás de um hospedeiro, e há a técnica do arrasto, que a gente arrasta um pano no chão e coleta os carrapatos que estão na pontinha da grama”.
A pesquisa consiste em investigar o grau de infestação de um parasita no ambiente e medir os riscos à saúde. Segundo a Unicamp, a última pesquisa do tipo na universidade foi feita em 2018, e identificou ácaros sem a presença da bactéria causadora da febre maculosa. Na pesquisa desta quarta nenhum carrapato foi encontrado. Isso não significa que não existam carrapatos no local, mas serve para afastar a possibilidade de que haja uma infestação.
Diante a situação, a Unicamp reforçou as medidas preventivas e de orientação sobre a doença. O médico infectologista Plinio Trabasso, docente da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, deu mais detalhes sobre essas ações. “Nós estamos intensificando a busca de ácaros nas diversas áreas verdes do nosso Campus, além disso estamos distribuindo material educativo nas áreas de atendimento, e estamos também instalando placas de alerta para os frequentadores das áreas verdes sobre a possibilidade da presença do carrapato”.
O carrapato estrela é conhecido por ser maior que outros carrapatos em sua forma adulta, porém, carrapatos que ainda estão em desenvolvimento e são menores também podem transmitir a febre maculosa. O médico destacou ainda que é necessária que seja feita a pesquisa no corpo, e a remoção adequada do carrapato do corpo da pessoa. “O que nós temos é medidas outras de prevenção que são eficazes, como a pesquisa no corpo a cada duas horas, e o cuidado na retirada do carrapato, que tem de ser retirado com uma pinça, puxado pra fora e não espremido, pois quando você espreme aí mais ainda ele inocula a bactéria no corpo da pessoa”.
Apesar da suspeita, a Praça da Paz, que atualmente está com um gramado baixo, não será interditada, assim como outras áreas verdes do campus, que seguem liberadas para circulação de pessoas.