A secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo aponta que o número de denúncias de discriminação racial aumentou mais que o dobro do ano passado até agora.
São 336 denúncias encaminhadas à pasta, recebidas pela Coordenação de Políticas para População Negra e Indígena. Em todo o ano passado, foram 155. Em 2020, foram 49.
Os números foram divulgados após a confirmação de que a secretaria vai abrir um ‘expediente de investigação’ após a denúncia de caso de racismo em uma escola particular de Valinhos.
A mãe de um jovem de 15 anos denunciou mensagens enviadas em um grupo de WhatsApp contra o aluno, que é negro, além de mensagens xenofóbicas contra nordestinos e com referências ao nazismo, inclusive citando o ditador Adolf Hitler e o fascista Benito Mussolini.
A pasta informou que tem a prerrogativa de abrir processo administrativo contra os agressores mesmo sem uma denúncia oficial. A multa aos autores pode chegar a R$ 95 mil.
O caso de Valinhos é investigado pela Delegacia de Polícia da Infância e da Juventude (DIJU) de Campinas e já foi encaminhado à Justiça.
O que diz o colégio:
No presente momento, com as eleições encerradas, pequenos grupos estão se excedendo, infelizmente, em suas manifestações e atitudes, de forma polarizada e muitas vezes conturbada.
Essa atmosfera repercute nos jovens, lamentavelmente, e causa percalços no ambiente escolar. Chegou ao conhecimento do Colégio que, durante a apuração dos votos da eleição no último domingo, um grupo virtual foi criado por adolescentes, do qual participam alunos do Colégio, e foram postadas mensagens desrespeitosas.
Imediatamente, após cientificada, a escola acolheu os alunos que se sentiram ofendidos bem como seus familiares, comprometendo-se a contribuir para a devida averiguação.
*O Colégio repudia qualquer tipo de atitude ou manifestação ofensiva ou discriminatória contra quaisquer pessoas e promove constantes ações pedagógicas, tais como palestras, encontros, mentorias e atividades, que abordam tolerância à diversidade, bem como a questão racial, entre outras posturas não discriminativas, para que os estudantes saibam desde a infância que essas práticas são inadmissíveis*.
Comprometidos em construir uma sociedade livre de preconceitos, sabemos que isso se faz coletivamente. Enfrentar o racismo estrutural e a intolerância à diversidade presentes na sociedade é responsabilidade de todos nós como cidadãos, não apenas da escola.
Pedimos encarecidamente a todas as famílias que acompanhem e monitorem as redes sociais de seus filhos, às quais não temos acesso, que os orientem sobre o devido respeito aos povos de todas as raças, bem como às questões relacionadas à diversidade de gênero, classe, religião, orientação sexual ou política, além de explicar-lhes que certas ações são passíveis de sanções legais.
Também pedimos que esse mesmo exercício da tolerância ocorra entre toda a comunidade escolar e que evitem repassar imagens e informações dos menores de idade.
*Estamos realizando a devida apuração dos fatos e tomando as medidas cabíveis dentro do âmbito de nossa competência, de acordo com o regimento escolar*.
Reforçaremos com os alunos o intransigente posicionamento de nossa instituição secular, por meio de orientações específicas a eles, com mais palestras formativas para conscientizar a todos no que se refere ao exercício da tolerância e à cidadania digital.*A escola é um centro de desenvolvimento da educação e continuará trabalhando incansavelmente para a formação e conscientização de crianças e adolescentes a serviço de um mundo melhor para todos, missão que conta com a participação ativa, vigilante e colaborativa dos pais e responsáveis*.