O que os números do Atlas 2023 podem ter relação com o comportamento que neste momento crianças e jovens estão tendo em casa ou na escola? O levantamento prevê 4 bilhões de pessoas com obesidade ou sobrepeso no próximo ano. No Brasil, a previsão é de que 41% da população terá obesidade em 2035. E são entre as crianças que as taxas aumentam de forma mais rápida.
Você com certeza já observou. São horas e horas no celular, tablet ou monitor, em um game, uma das redes sociais; vidrados na tela, crianças e adolescentes passam cada vez mais tempo no digital e, confirmam nas estatísticas as consequências deste comportamento.
Pediatra e médica do esporte, Dra. Silvana Vertematti, atende no ambulatório de adolescentes com foco em atividade física do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Por lá, 86% dos adolescentes assistidos são considerados fisicamente inativos. Dra Silvana aponta prejuízos além do impacto social, como o sedentarismo que tem levado a obesidade, sobrepeso, diabetes, osteoporose e outras doenças.
Os transtornos físicos, psicossociais e cognitivos aparecem em 80% do grupo de jovens assistidos. Ou seja, as consequências são reais e podem antecipar quadros de doenças crônicas.
Médico cardiologista da Unicamp e do Vera Cruz Hospital, Dr. Silvio Gioppato, lembra que a postura dos pais no período inicial de vida pode ser fundamental. Pesquisa do Atlas 2023 da Federação Mundial da Obesidade aponta que 54% dos bebês até seis meses estão em aleitamento e o restante consumindo outros tipos de alimentos e até produtos da indústria. Já entre 6 meses a 2 anos, 49% deles já foram expostas há algum tipo de alimento processado.
A Chefe do Laboratório de Genética Molecular da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Iscia Lopes Cendes, trabalha em uma pesquisa apoiada pela FAPESP que compreende a Iniciativa de Medicina de Precisão no Brasil. Os estudos começaram em Campinas, se estenderam pelo Estado de SP e confirmaram que para alguns indivíduos a obesidade, o sobrepeso e algumas doenças são sim uma questão de genoma e propensão metabólica.
As pesquisas na Unicamp continuam e buscam desenvolver agora testes genéticos para identificar quem tem risco aumentado para obesidade, sobrepeso ou diabetes.