O Ministério Público do Trabalho resgatou quatro trabalhadores bolivianos em condições análogas à escravidão em uma oficina de costura em Americana.
Os imigrantes, duas mulheres e dois homens, trabalhavam em oficinas separadas. Uma ficava em um barracão, onde três deles costuravam. A outra funcionava, de forma improvisada, no local da moradia dos bolivianos, lá costurava apenas um trabalhador.
Os problemas nos locais eram diversos. Além do calor excessivo, devido a falta de ventilação e de conforto térmico, era comum a precariedade das instalações elétricas, com fiação exposta próxima às pilhas de tecido, gerando riscos de incêndio, e falta de higiene nos ambientes laborais.
Um dos bolivianos, que teve um braço amputado em decorrência de um acidente automobilístico, costurava utilizando apenas um dos membros, sem qualquer tipo de adaptação.
Em depoimento, uma das trabalhadoras afirmou que trabalhava das 7:00 às 22:30, e que parava apenas quando “o corpo não aguentava mais”. Eles atuavam de maneira informal, sem registro em carteira de trabalho, sem direito a férias, 13º salário ou qualquer benefício, e estavam desde fevereiro sem receber qualquer tipo de remuneração.
No alojamento, instalado na sobreloja de um prédio comercial, dois dos trabalhadores, um casal, residiam no local com duas crianças. O apartamento também apresentava sérios problemas na parte elétrica, falta de higiene e de mobiliário. Por falta de pagamento, a água havia sido cortada.
Os quatro foram resgatados na última terça-feira, 18, mas as informações só foram divulgadas nesta quinta, 20, após o pagamento do termo de ajuste de conduta, TAC, pela empresa contratante dos serviços, localizada na cidade de São Paulo.
Foram pagos R$ 6.500,00 para cada por todos os direitos trabalhistas e 4.000,00, também para cada um, a título de danos morais individuais e depósito do FGTS.
Esse é o terceiro caso de resgate por trabalho escravo no interior paulista no espaço de uma semana.
