A Emdec abriu uma sindicância interna para apurar se houve pagamento de propina para uma fiscalização menos rigorosa de veículos da cooperativa Altercamp que foram apreendidos durante a terceira fase da Operação Sumidouro, conduzida pelo Ministério Público, na semana passada.
O indício desse pagamento foi mencionado pelos promotores do caso após a apreensão de seis ônibus, que operam nas linhas 249, 341 e 368. As linhas operam normalmente com veículos reservas, como a Emdec já tinha informado anteriormente.
O Ministério Público apontou que os ônibus apreendidos circulavam com pneus carecas, e com motoristas sem condições de conduzir os ônibus, e que isso pode indicar uma “fiscalização menos eficiente”.
A comissão aberta pela Emdec foi formada por funcionários de carreira da empresa, e vai apurar as suposições levantadas pelo Gaeco sobre a fiscalização em relação à operação da Altercamp. O prazo para conclusão dos trabalhos é estimado em cerca de 30 dias.
Ainda de acordo com a Emdec, uma relação de documentos dos permissionários da cooperativa será encaminhada ao MP.
Com relação às penalidades, desde 2022, conforme levantamento divulgado pela autarquia pública, foram aplicadas 2,6 mil multas aos permissionários da cooperativa Altercamp, e deste total foram 1,1 mil desde janeiro deste ano.
As penalidades representaram 50% das multas de todas as cooperativas em 2022, e somam 66% das multas recebidas pelas três cooperativas que operam na cidade em 2023.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado diz que os trajetos eram usados por uma organização criminosa para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, por meio de “laranjas”.
A promotoria da Justiça apura se as linhas foram escolhidas por motivo específico ou aleatoriamente.
O 18º alvo da operação desde o início das apurações foi preso nesta segunda-feira. É um sobrinho do narcotraficante preso Wanderson de Paula Lima, o Andinho, e relação com tráfico de entorpecentes na região.
Na operação, na semana passada, foram cumpridos na operação nove mandados de busca e apreensão e três de prisão, mas neste caso os alvos já tinham sido presos em outra etapa da apuração, na quarta.
Cinco armas foram apreendidas, e outras duas pessoas foram presas por porte ilegal de armas, informou a promotoria de Justiça.
Segundo o Gaeco, as ações da nova fase ocorreram em meio às investigações sobre suspeita de lavagem de dinheiro entre integrantes do grupo criminoso.
No caso da cooperativa, diz o MP, as linhas de ônibus eram administradas por membros da organização e em nome de “laranjas”.
De acordo com o Gaeco, uma segunda modalidade de lavagem de dinheiro foi identificada durante os trabalhos que resultaram na operação, que é o registro de bens em nome de terceiros.
A entrada do dinheiro do tráfico no caixa da empresa ocorria de diversas formas.
As atuações teriam ocorrido principalmente nas regiões de bairros como Jardim Samambaia, Jardim Itatiaia, Vila Formosa, Jardim Tamoio e Nova Europa.
A Altercamp informou, em nota, que não tem qualquer responsabilidade sobre a vida pessoal dos permissionários e os atos que eles praticam. Argumenta que a relação é estritamente profissional.
A cooperativa está contribuindo com todas as informações e documentos que foram pedidos pelo Ministério Público.
A defesa aponta que nenhum integrante da diretoria é laranja ou atua na prática de lavagem de dinheiro do tráfico, e que, pelo que foi informado pela investigação, alguns permissionários com contrato firmado com o município seriam os supostos laranjas do tráfico.
Sobre as duas armas encontradas na sede da cooperativa, a defesa da Altercamp alega que elas haviam sido localizadas anteriormente e estavam sendo mantidas sob a guarda de um dos diretores, que vai responder de forma individual sobre isso.