A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) encerrou o processo de sindicância que apurava possível favorecimento à cooperativa de transporte público coletivo municipal Altercamp, que é alvo de uma investigação do Ministério Público. Após 68 dias de trabalho, a comissão interna, formada por funcionários de carreira da Emdec, concluiu que “não há nenhum indício de irregularidade” em relação ao contrato. O resultado da sindicância interna foi divulgado nesta segunda-feira (18), mas os trabalhos foram concluídos na última sexta (15).
A comissão foi aberta em 10 de julho e teve o prazo prorrogado duas vezes. Durante o período, segundo a administração municipal, 918 folhas de documentos foram analisadas e os dados e informações cruzados pelos integrantes da comissão. Os documentos foram colhidos nas áreas de fiscalização, inspeção, cadastro, atendimento, remuneração, tarifas e Programação do Sistema de Transporte. Além disso, 21 pessoas foram consultadas sobre processos e procedimentos dentro dessas áreas.
Após a análise das informações, a comissão observou que os dados operacionais apresentados pela Altercamp, em comparação com as demais cooperativas e empresas do sistema, não se sobressaem.
Observou também que qualquer possível ação de favorecimento a qualquer permissionário, seja com ou sem bônus financeiro, “envolveria parte substancial de áreas e colaboradores da Emdec, como por exemplo, desde as aprovações documentais, monitoramento e fiscalização dos permissionários”, segundo o documento final, que é resultado do trabalho da Comissão.
Em nota, a defesa da Altercamp afirmou que o resultado da sindicância “já era esperado”, e frisou que a cooperativa tem “compromisso” com o trabalho e transporte. O suposto esquema criminoso é alvo da “Operação Sumidouro”, do Ministério Público. As linhas de ônibus estariam sendo administradas por membros da organização criminosa e em nome de “laranjas” para lavagem de R$ 2,2 milhões, provenientes do tráfico de drogas.
Em julho, o Gaeco realizou buscas na sede da cooperativa, em Campinas, e encontrou diversas armas no local. No início de setembro, a Justiça aceitou parte da denúncia do Ministério Público e tornou rés 31 pessoas por envolvimento na quadrilha de tráfico de drogas.
Sobre o caso, a Emdec informou ainda que, desde o início da determinação judicial, suspendeu as permissões dos três investigados, e que acompanha os desdobramentos das investigações e fornece todas as informações que são solicitadas pelo Ministério Público.